Taí uma ação que deveria estar repetida, além de São Paulo, em Rio de Janeiro, Florianópolis, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza e Vitória. O IARA-Instituto de Advocacia Racial e Ambiental aguarda parcerias.
Humberto Adami.
www.adami.adv.br
S. Paulo - A exemplo do que já fazem mais de 50 Universidades brasileiras, as grifes que participam da São Paulo Fashion Week – a maior feira de moda do país – poderão ter de adotar cotas para negros, segundo a proposta do Ministério Público do Estado.
No ano passado, o percentual de modelos negros no evento não chegou a 3%, o que gerou denúncias da prática de racismo pelas grifes e um inquérito que é presidido pelo a promotora Déborah Kelly Affonso, do Grupo de Atuação Especial de Inclusão do MP paulista. “O percentual de modelos negros é bem menor que o de brancos. O objetivo da Promotoria é fazer um acordo de inclusão social. Estabelecer um número mínimo de modelos negros a desfilar”, afirmou a promotora. Segundo o IBGE os negros (pretos e pardos), correspondem a 49,7% da população brasileira.
A proposta do Ministério Público já começou a provocar a reação de empresários que participam da SPFW. A estilista Glória Coelho (foto) acha que “a cota pode interferir na obra do estilista”, mas, curiosamente, num ato, falho considera muito natural que os negros participem do evento exercendo papéis subalternos. “Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?”, afirmou.
Inquérito
O inquérito aberto pelo Ministério Público no ano passado, quando o evento teve como lema a Diversidade, apurou que dos 344 modelos apenas 2,3% eram negros. A promotora Déborah Affonso se reuniu com o empresário Paulo Borges, criador do evento, para saber do porque a quase inexistência de modelos negros. “Ele disse que não tem controle sobre quem vai desfilar”, conta a promotora, em entrevista ao repórter Paulo Sampaio, da Folha de S. Paulo.
Borges, quando questionado sobre a existência de racismo na SPFW costuma alegar que o fato de ter adotado um filho negro, demonstra que não há racismo. Na semana passada, ele foi chamado para mais uma reunião com a promotora, porém, não compareceu alegando não ter recebido o aviso a tempo e que se estava de viagem para Brasília.
Segundo a promotora se não houver acordo com os organizadores, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta, a alternativa será a abertura de uma Ação contra a organização da SPFW. Além de Borges, a promotora chamou para uma conversa os empresários Hélder Dias de Araújo, e os estilistas Lino Villaventura e Alexandre Herchcovitch.
De todos, Hélder foi o único que admitiu racismo por parte da organização do evento. “Claro que existe. É mais social do que racial. Se fosse um Pelé, um Barack Obama, ninguém iria ignorar”. Helder, contudo, é contra a cota. “O Brasil tem é de tomar vergonha e ver que não é um lugar de raça pura”, acrescenta.
Promotora diz que é reparar injustiça
Por: Redação - Fonte: Afropress - 12/4/2009
S. Paulo - A promotora Déborah Kelly Affonso, do Grupo Especial de Inclusão Social do Ministério Público de S. Paulo, diz que a obrigatoriedade de um percentual de modelos negros nos desfiles da São Paulo Fashion Week representa uma reparação histórica. “O fundamento histórico das cotas raciais é reparar injustiças cometidas desde a escravidão. Se você pegar a imigração japonesa, vai ver que eles não foram comprados para trabalhar aqui como escravos. Ao contrário: muitos vieram com incentivo fiscal. E a população de orientais no Brasil não chega a 1%”, afirmou.
Segundo ela, além do mais há dinheiro público no evento. “O Brasil adotou como política pública a inclusão de afro-descendentes. Então, se tem dinheiro público aplicado, é preciso cobrar coerência com as políticas de governo”, acrescenta.
Emanuela de Paula, 19 anos, uma das cinco modelos negras brasileiras de maior prestígio no mundo da moda, contou em depoimento ao repórter Paulo Sampaio, da Folha, que é visível que “nem todo mundo gosta de ver negras nos desfiles e campanhas publicitárias”.
“Quando ganhei o concurso de Miss Pernambuco Infantil, muitos pais de candidatas gritavam: “Essa negrinha não poderia ter ganhado, essa crioula não”. Eu era criança, não liguei muito, mas minha tia ficou triste. Até hoje noto que nem todo mundo gosta de ver negras nos desfiles e campanhas publicitárias. No Brasil ainda é pior: como não tem muitas marcas e são sempre os mesmos produtores, se uma modelo negra está trabalhando bem, só pegam aquela, esquecem as outras. Você já viu uma negra que não seja famosa na capa da Vogue?”, pergunta.
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http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?ID=1827
3 comentários:
pois é.Cotas para universidade, cotas para ser modelo, cotas para não sei o que.
Eu sou careca, tenho problemas de peso, sou feio, míope, judeu, velho e mais algumas outras coisas que me transformam em minoria.A reparação passa pela educação, saúde e condições sociais na infância e juventude.
Em minha empresa todos funcionários são graduados e a maioria com pós.Metade são negros ou, como preferem, afrodescendentes.Vou demitir os 40% que estão acima da cota e contratar brancos e orientais no lugar?
Infelizmente este é um paìs racista,que quer promover somente a raça branca,mais graças a Deus que eles terão tudo do bom e do melhor neste mundo,mais o mais importante que é a salvação de suas almas isto eles não terão,não digo somente o branco,mais aqueles que vivem com o preconceito o ódio dentro de seus corações,nunca verão a Deus.
Infelizmente este é um paìs racista,que quer promover somente a raça branca,mais graças a Deus que eles terão tudo do bom e do melhor neste mundo,mais o mais importante que é a salvação de suas almas isto eles não terão,não digo somente o branco,mais aqueles que vivem com o preconceito o ódio dentro de seus corações,nunca verão a Deus.
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