O email que recebi do Prof. Flavio Gomes me encheu de alegria e me recobriu de humildade.
A missiva de Flavio Gomes se encontra em
Diz o professor da UFRJ:
"Prezado Sr. Adami e demais companheiros e companheiras da IARA:
Manifesto o meu apreço e desejo de boa sorte diante da possibilidade de sustentação oral na questão quilombolas.
Nos últimos 20 anos tenho estudado (continuo) os quilombolas do passado, sua história e registros. Não tenho dúvida das implicações da questão quilombola atual com o pós-abolição, especialmente os dias e meses seguintes do 13 de maio quando a questão de manter ou não trabalhadores em antigas fazendas estava diretamente ligada não necessariamente a melhores condições de vida ou salário, MAS SIM A POSSE DA TERRA E A AUTONOMIA ENVOLVENTE A MESMA, incluindo os tradicionais lotes de terra (roças que os escravos tinham).
Tanto para os quilombolas do passado como os atuais, assim também para os fazendeiros e atuais inimigos deles no presente a questão central está no acesso a terra, significando todos os simbolismos envolventes: família, parentesco, território, cultura e cidadania.
Conforme um livro que organizei com a antropóloga (também negra) Olivia Cunha, negros e negras -- e os quilombolas são exemplos disso no quadro atual -- foram transformados em "quase-cidadãos" no alvorecer do século XX, com a República e as narrativas de modernidade."
Em minha singela resposta, disse:
"Estarei presente na tribuna do STF, acaso o julgamento seja mantido para o dia 18.04.
Devemos nos manter mobilizados e afastando nossas pequenas diferenças nesse momento.
Somos todos quilombolas.
Agradeço a confiança renovada."
Flávio Gomes, é da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, do Instituto de História, do Laboratório de Antropologia e História (LAH), é autor de Quase-cidadão: histórias e antropologias da pós-emancipação no Brasil, junto com Olívia Maria Gomes Da Cunha http://www.editora.fgv.br/?sub=produto&id=274
Outro fato que tornou o domingo "diferenciado", como dizem por aqui, foi a lembrança do amicus curiae dos Terreiros, na ADI (ação direta de inconstitucionalidade) 3197 contra as cotas para negros na UERJ, em 2004.
Pouca gente deu valor, pouca gente parou para ler.
Mas o trabalho constante no link abaixo, onde 5 terreiros de Religião de Matriz Africana formaram um "amigo da corte" e foram ao Supremo Tribunal Federal defender cotas para negros na universidade publica do estado do Rio de Janeiro - UERJ, 'e um dos mas belos que participei.
Uma filha de santo de mãe Beata, advogada, mudou-se para o escritório por 90 dias, para ajudar na elaboração da petição, absolutamente inédita, que explicava que os terreiros, cotas para negros, quilombos e história da África tinham em comum.
Mães Beata e saudosa Mãe Nitinha lideraram.
Fomos recebidos pelos Ministros Nelson Jobim e Joaquim Barbosa, no Salão Branco do STF, com comitiva de 50 pessoas, incluindo o luxo de Abdias Nascimento e Eliza Larkin.
Ver fotos e repercussão na mídia aqui e aqui .
Os terreiros acabam de embargar a decisão que arquivou a ação contra as cotas no STF, para verem seus nomes inseridos na decisão arquivamento. A Grande Loja Maçônica do Estado Do Rio de Janeiro - GLMERJ, tambem.
E a História do Brasil recente.
Aqui a peça que me fez recordar esse "momento mágico", no dizer de Wania Santana, que integrou a comitiva:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=544175
São momentos que se encontram quando todos nos preparamos para a semana onde possivelmente seja julgada a ADI 3239, a da demarcação de terras de remanescentes de quilombos com base no Dec. 4.887.
Venceremos!
Humberto Adami
Advogado
humbertoadami@gmail.com
Skype: humbertoadami
FONTE: Blog do Humberto Adami
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