O Globo
Ministra quer estender cotas para negros
A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, elogiou a iniciativa do Itamaraty de abrir reserva de vagas para negros no próximo concurso e fez um apelo para que todos os ministérios adotem medidas parecidas. "Vamos provocar cada ministério a apresentar uma ação de impacto", afirmou.
Ministra defende cotas raciais para todo o governo
Ao assumir cargo, Luiza Helena de Bairros elogia reserva de vagas para afrodescendentes em concurso do Itamaraty
Carolina Brígido
BRASÍLIA. A nova ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Helena de Bairros, assumiu o cargo ontem elogiando a iniciativa do Itamaraty de criar reserva de vagas para negros no próximo concurso para diplomatas. Ela fez um apelo para que todos os ministérios do governo tomem medidas parecidas em 2011, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o Ano Internacional para Afrodescendentes.
- Neste ano, vamos provocar cada ministério a apresentar uma ação de impacto, emblemática. Tivemos uma avant-première com a decisão do Ministério das Relações Exteriores de fazer a reserva de vagas. Podemos ver com os demais ministérios como isso se organiza - disse.
"As cotas têm se mostrado eficientes para a inclusão"
Luiza ressaltou que as cotas são um instrumento de inserção, mas não uma política de afirmação completa.
- As cotas são sempre um instrumento possível dentro de um leque de políticas afirmativas. A cota é um instrumento, mas não é uma política de afirmação como um todo. As cotas têm se mostrado eficientes para promover a inclusão, como temos visto nas universidades.
Na cerimônia de transmissão de cargo, o antecessor de Luiza, Eloi Ferreira de Araújo, também elogiou a decisão do Itamaraty. Segundo Eloi, a iniciativa foi um dos resultados positivos do Estatuto da Igualdade Racial, herança do governo Lula.
Na cerimônia de posse, a nova ministra fez um discurso forte em defesa do fim do racismo como condição de desenvolvimento do país. Ela também defendeu a contratação de funcionários para gerir políticas de igualdade racial em todos os ministérios. Luiza aproveitou para pedir aumento de verba e de pessoal para sua pasta.
Segundo a ministra, o movimento feminista sugeriu a Dilma que entregasse a mulheres 30% de seu ministério. A presidente atendeu apenas parte do pedido, nomeando nove ministras. A nova ministra lembrou que, em uma das tradições do Candomblé, nove é o número de Iansã, uma divindade feminina e guerreira.
Luiza e Eloi prestaram homenagem a seus antecessores, Edson Santos e Matilde Ribeiro. A ex-ministra não estava presente ao evento. Ela deixou o cargo em 2008 em meio a denúncias sobre uso indevido do cartão corporativo do governo federal. Sua fatura denunciava gastos pessoais com dinheiro público. Uma das compras foi feita no free shop.
Antes de assumir um posto no governo Dilma, Luiza era secretária de Igualdade Racial do governo da Bahia. Ela nasceu em 1953, em Porto Alegre (RS). Formou-se em Administração Pública e Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Em 1979, mudou-se para Salvador e engajou-se no Movimento Negro Unificado (MNU).
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