sexta-feira, 29 de outubro de 2010

CNE EXAMINA "CAÇADAS DE PEDRINHO" de MONTEIRO LOBATO A PEDIDO DE OUVIDORIA DA SEPPIR

Íntegra do parecer no PORTAL DO MEC

3 comentários:

Cláudia Marques disse...

Uma nota explicativa como já é feita sobre outros temas na obra de Monteiro Lobato, como meio ambiente e a caçada à animais como a onça pintada, não pode ser considerada censura ou veto.

E por que não, o mesmo tipo de nota sobre a questão racial??

Porque a sugestão de uma nota explicativa sobre os estereótipos racistas e a inclusão da discussão na formação de professores está sendo considerada como censura pela mídia??

Cresci lendo e amando Monteiro Lobato, mas não posso negar que também foi pelas obras dele que tive as primeiras percepções sobre o ser negra como algo negativo e mais próximo de animais do que de seres humanos, seres ridículos, bestas sem inteligência e etc.

Nossas crianças merecem ao menos que os professores tenham conhecimento do quanto mal esse tipo de estereótipo faz para a formação e identificação das crianças negras e possam fazer e propor uma leitura crítica desse clássico tão importante para a literatura infantil, de maneira a não incidir negativamente sobre seu pertencimento étnico-racial.

É esse o cuidado que o parecer sugere.

Quais são as críticas sobre as notas explicativas em relação aos cuidados com os animais??

Anônimo disse...

Não vejo racismo nessa obra de Lobato. Se o livro dele for "caçado" por esse motivo, muitos outros autores clássicos também deverão sê-lo. Veja o clássico 'O Curtiço', de Aluizio de Azevedo. Logo no primeiro capítulo, lê-se:"..., Bertoleza não queria sujeitar se a negros e procurava instintivamente o homem numa raça superior à sua."

Não seria caso de proibir esta obra também?

Rodrigo Biguá disse...

eu não sou contra a nota em si, mas contra a obrigatoriedade dela; e entendo que o parecer não é tão inócuo assim, pois ele entende que o MEC deve garantir que, em sua "avaliação dos livros indicados para o PNBE, de que os mesmos primem pela ausência de preconceitos, estereótipos, não selecionando obras
clássicas ou contemporâneas com tal teor". Ou seja, manda o MEC parar de adotar clássicos sim! Porque no limite, todo e qualquer clássico vai conter preconceitos ou estereótipos, seja por imposições dos tempos em que foram escritos, no caso daqueles, seja por artifício narrativo, no caso desses últimos.
Permitir que esse raciocínio comece a ser aplicado é abrir as portas para todo o tipo de questionamento e para a adoção de textos estéreis e padronizados que façam apenas aquilo que seu mestre mandar.
A questão racial é importante, o racismo é algo inaceitável nos dias de hoje e deve ser combatido e execrado, mas tudo isso não pode ser usada como pretexto para reescrever ou esquecer os clássicos da literatura. O problema do país não é ler Monteiro Lobato, muito pelo contrário, e qualquer ação para melhorar o país deve estar na direção de promover a leitura ao invés de restringi-la. Principalmente no caso de literatura de qualidade reconhecida como no caso dos clássicos.