quarta-feira, 24 de março de 2010

Agressão de médica terá acompanhamento

24. Jornal do Dia - SE Agressão de médica terá acompanhamento Cássia Santana cassiasantana@jornaldodiase.com.br O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) podem interferir na apuração da agressão sofrida por Diego José Gonzaga, funcionário da Companhia Aérea Gol, crime ocorrido na madrugada do dia 26 do mês passado no Aeroporto de Aracaju. Ele foi agredido verbalmente pela médica Ana Flávia Pinto Silva, comportamento que pode caracterizar crime racial. O pedido para que o CNJ e o CNMP realizem procedimentos para que o episódio não fique impune foi encaminhado pelo ouvidor Humberto Adami Santos Júnior, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR), órgão vinculado à Presidência da República. O ouvidor da SEPPIR entende que houve racismo explícito no comportamento da médica Ana Flávia Pinto e destaca a necessidade de também apurar o comportamento do delegado Washington Okada, que, na ótica do ouvido r, teria adotado postura para minimizar o impacto deste tipo de atitude delituosa sobre a vítima, quando registrou a ocorrência em Boletim na Delegacia de Plantão sem tipificar o crime de racismo. É preciso superar esta distorção, conceituou o ouvidor. Para evitar este tipo de transtorno, o ouvidor anuncia que a SEPPIR está em contato com as academias de polícia no país para que sejam realizados cursos de capacitação para, além de preparar os agentes do Estado, evitar eventuais condenações do Brasil em vista do descumprimento de tratados internacionais. Depoimento - Na tarde de anteontem, Diego Gonzaga prestou depoimento na Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis. Para evitar maior exposição, o horário do depoimento foi mantido em sigilo. O JORNAL DO DIA teve acesso ao depoimento do funcionário da Gol. À delegada de Polícia, Georlize Teles, que preside o inquérito policial instaurado naquele unidade policial para apuração dos fatos, o funcionário da Gol narrou todo o episódio, informando, inclusive, que a confusão com a médica teria sido precedida por uma outra ocorrido na mesma madrugada e por motivos semelhantes. É que uma outra passageira, com sete meses de gestação, também fora impedida de embarcar por não apresentar ordem médica autorizando a viagem. Naquela madrugada, segundo Diego, a Polícia teria sido acionada para interferir na primeira confusão, a da gestante, que teria envolvido um grupo de oito passageiros. Mas quando a Polícia chegou ao local, o grupo já tinha se retirado do aeroporto. No momento, os policiais encontraram o tenso clima gerado pelo descontrole da médica. No depoimento, Diego revela que, consultado pelos policiais, ele aceitou prestar queixa na Delegacia Plantonista uma vez que, descontrolada, a médica ameaçou destruir computadores - inclusive teria atirado o teclado de um dos equipamentos contra o chão - além de insultá-lo com palavreado que podem caracterizar crime de racismo. No depoimento, Diego garante que a médica utilizou, de forma pejorativa, a palavra Nego, ao se dirigir a ele no guichê da Companhia Aérea. A delegada Georlize Teles pretende identificar o autor do vídeo, cujas imagens foram captadas por um aparelho de telefonia móvel, divulgado pela internet, especialmente no site YouTube, que mostra a reação da médica Ana Flávia contra o funcionário da Gol. Mas a delegada não considera o vídeo de extrema importância nas apurações. Ela vê indícios de prática de crime de injúria racial no comportamento de Ana Flávia e garante que os depoimentos de testemunhas serão relevantes nas apurações. A médica, inclusive, reconheceu os excessos, pediu desculpas públicas ao funcionário da Gol, mas não admite racismo em seu comportamento. O advogado Emanoel Cacho pretende processar a Gol e o site YouTube pela exibição das imagens.

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