Humberto Adami
01/12/2013
às 19:30 \ Política & CiaCarlos Brickmann: o racismo também é coisa nossa. Veja-se, por exemplo, a campanha contra o ministro Joaquim Barbosa
Notas da coluna que o jornalista Carlos Brickmann publica hoje, domingo, em vários jornais
50 TONS DE PELE
Toda a feroz campanha contra o ministro Joaquim Barbosa terá como causa a vingança contra a ousadia de condenar réus do sacrossanto partido que ocupa o poder federal? Ou, como causa associada, a possibilidade de que o ministro saia candidato à Presidência da República, cometendo o crime de lesa-majestada?
Talvez a causa seja outra (até porque Barbosa, arrogante, de trato áspero, muitas vezes grosseiro, dificilmente ganharia uma eleição): o ator Milton Gonçalves, respeitado militante dos movimentos negros desde os tempos em que isso não era moda, vê a face do racismo na guerra a Joaquim Barbosa.
– Se fosse louro de olhos azuis, o discurso seria outro.
Completa:
– Ele tem méritos. Não entrou por cotas, fala cinco línguas, é um personagem importante em nosso país.
O advogado Humberto Adami, do Instituto de Advocacia Racial, entrou na luta por Barbosa, criando a campanha “O Brasil abraça o ministro Joaquim e o STF” nas redes sociais e criticando a “campanha desonesta, vil e evidentemente racista contra um brasileiro que tem cumprido fielmente suas obrigações constitucionais”.
Lembra que a campanha racista é movida contra Barbosa, que é negro, e poupa os demais ministros que votaram a seu lado pela condenação. Mas os outros que condenaram os réus são brancos e não sofrem ataques.
Racismo também é coisa nossa.
Esmeraldo Tarquínio, prefeito eleito de Santos [durante o regime militar], foi hostilizado por militares por ser de esquerda e cassado por ser negro.
Da ditadura à democracia, muita coisa mudou. Mas há fatos tristes que se repetem.
Tons de pele 2
A questão da cor da pele é travada também em torno do Casal da Copa. A FIFA tinha há mais de seis meses contratado Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert – artistas de sucesso, com amplo apelo popular. Foram propostos então Camila Pitanga e Lázaro Ramos; como já tinha contratado Fernanda Lima e Hilbert, a FIFA não aceitou a indicação. Os cartolas passaram a ser acusados de racismo.
Bobagem: como pergunta o jornalista Mário Mendes, mulato, “Camila Pitanga e Lázaro Ramos são mais brasileiros do que Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert porque são negros?” Por que, então, a guerra?
Talvez porque a bela Camila Pitanga, também artista popular e de sucesso, tenha a imagem ligada à da Caixa Econômica Federal, cujos anúncios estrela. Alguém na Copa com imagem vinculada à do Governo, em ano eleitoral, seria ótimo para a campanha presidencial.
Tags: Camila Pitanga, Carlos Brickmann, Casal da Copa, ditadura, Esmeraldo Tarquínio, Fernanda Lima, FIFA, Humberto Adami, Joaquim Barbosa, Lázaro Ramos, Mário Mendes, Milton Gonçalves, movimentos negros, no eleitoral,racismo, Rodrigo Hilbert, Supremo Tribunal Federal
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