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sábado, 31 de janeiro de 2009
HQ dá voz aos esquecidos
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
VIVA MEDEIROS!
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
MUST SEE - PRIDE OF RACE
IMPERDIVEL - Ancelmo Gois - Jornal O Globo
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
NA POSSE DE OBAMA(2)
A OBAMAMANIA ESTA EM TODA PARTE, DESDE LOJAS, TRENS, METRO, CARROS, ROUPAS, ETC.
EM TODO LUGAR, A CARA DO OBAMA.
E VISIVEL A MUDANCA NA FORMA DE AGIR.
ELA VAI DESDE A CERIMONIA DE CEMITERIO DE ARLINGTON, ONDE A GUARDA MILITAR ERA COMANDADA POR UM MILITAR NEGRO, ATE O CHEFE DA SEGURANCA DO TREM DE OBAMA, DA FILADELDIA PARA WASHINGTON, QUE TAMBEM ERA NEGRO.
ATENCAO AOS DETALHES DA MUDANCA NA FORMA OBAMA DE SER E GOVERNAR, QUE JA COMECA A SER MANIFESTAR .
PARA COMECAR, HOJE, SEGUNDA, 19.01, UM JANTAR ESPECIAL VAI SER OFERECIDO AO EX-ADVERSARIO DA CAMPANHA ELEITORAL, JOHN MACKAIN, PELO ELEITO, BARACK OBAMA, QUE ESTARA PRESENTE AA POSSE. MACKAIN FOI PERFEITO COM "ELE ERA MEU ADVERSARIO, E AGORA VAI SER MEU PRESIDENTE". MERECE MESMO.
IMPENSAVEL, NOS TERMOS BRASILEIROS, VER LULA OFERECENDO A JOSE SERRA OU GERALDO ALCKMIN, QUALQUER COISA, AAS VESPERAS DA POSSE, MUITO MENOS JANTAR ESPECIAL... COMPARECER A POSSE ENTAO, NEM PENSAR... SERVE PARA ALGUNS PETISTAS ATE HOJE ENCAFIFADOS EM ORGAOS OFICIAIS, QUE NAO SUPERARAM O CLAMOR ELEITORAL. NO MEU BANCO, POR EXEMPLO.
BOM TER REVISTO MELVIN WHIAT, EX PRESIDENTE DO CAUCUS, E DEPUTADO DO CONGRESSO AMERICANO, COM O QUAL JA TINHA ME ENCONTRADO EM 2001, QUANDO DA REALIZACAO DO "BRAZIL-USA PROMOTTING TOLERANCE", COMO "INTERNATIONAL VISITOR", A CONVITE DO DEPARTAMENTO DE ESTADO NORTE-AMERICANO, ATRAVES DO CONSULADO AMERICANO NO RIO. E AINDA, QUANDO PARTICIPEI, EM 2004, COMO PALESTRANTE DO "BLACK CAUCUS ANNUAL LEGISLATIVE SEMINNAR", EM WASHINGTON DC. O MOTE DO DA COVENCAO ERA "MAKING THE MOVEMENT". ACERTARAM!
MELVIN ESTEVE, TAMBEM, EM SAO PAULO, COM 10 OUTROS CONGRESSISTAS AMERICANOS, LIDERADOS POR WELDON ROUGEAU, PRESIDENTE DO CAUCUS A EPOCA, EM REALIZACAO DO AMERICAN CHAMBER OF COMMERCE, DE SAO PAULO, DA QUAL TAMBEM FIZ PARTE. DEZ CONGLOMERADOS DA INDUSTRIA INTERNACIONAL ESTIVERAM EM SAO PAULO PARA AFIRMAR O VALOR DA DIVERSIDADE NAS RELACOES DE TRABALHO.
OUTRO DEPUTADO AMERICANO, PRESENTE A RECEPCAO DO "CAUCUS", DISSE ESTAR MUITO BEM INFORMADO SOBRE O TRABALHO DO EMBAIXADOR AMERICANO NO BRASIL, SOBEL, E QUE ESTE VAI ALEM DO ETANOL, QUE TANTO ALVOROCA USINEIROS BRASILEIROS, E PASSA TAMBEM PELO ACORDO DO "JOINT ACTION PLAN" NA QUESTAO DA DISCRIMINACAO RACIAL, ASSINADO POR CONDOLEEZA RICE E EDSON SANTOS,E QUE ANDOU POUQUINHO ATE AGORA.
O DEPUTADO AFIRMOU QUE O VAI PROCURAR O EMBAIXADOR PARA ACELERAR O PLANO DE ACAO CONJUNTA. QUER VER NEGROS BRASILEIROS E AMERICANOS TRABALHANDO EM CONJUNTO, PARA O BEM COMUM.
OUTRA NOVIDADE: O EMBAIXADOR SOBEL PERMANECE NA ADMINISTRACAO OBAMA. ESTA O MIRO NUNES LIGA PARA ANCELMO GOES.
LEMBREI AINDA DE FERNANDO HENRIQUE DIZENDO: "ESSAS COISAS (O RACISMO E SEU COMBATE) NAO MUDAM DE UMA HORA PARA OUTRA!" BEM, POR AQUI ESTA MUDANDO E RAPIDO.
ENCONTREI O EX-PREFEITO DE DENVER, WEB, QUE EM BREVE VAI ESTAR PELA AMERICA DO SUL.
UM DEMONSTRACAO DE CARINHO E RESPEITO AOS MAIS VELHOS. APOS APRESENTACAO DE DEPUTADOS NOVOS E ANTIGOS, DO CAUCUS, INCLUINDO O NOVO SENADOR POR ILINOIS, SUSBTITUTO DO PRESIDENTE ELEITO, FOI CHAMADA AO PALCO, UMA DEZENA DE VITIMAS DO FURACAO KATRINA, TODAS ENTRE 80 E 100 ANOS, E MAIS ALGUMAS CRIANCAS.
VIERAM PARA WAHINGTON COM DIFICULDADE, RELATARAM A FELICIDADE DE ESTAR AQUI, NESTE MOMENTO, APOS O ABANDONO DO KATRINA, E, CANTARAM, CELEBRANDO A VIDA, A ANCESTRALIDADE, A SUPERACAO, E AVITORIA DE OBAMA.
JA EM OUTRA CERIMONIA, O REVERENDO AGRADECEU "AS TERRAS FERTEIS DO QUENIA", QUE MANDARAM SEMENTES "DE ESPERANCA E LIDERANCA" PARA ALAVANCAR O PAIS, NUMA REFERENCIA AS ORIGENS DO PAI QUENIANO DE BARACK OBAMA.
A CNN ESTA DANDO BANHO DE COBERTURA E INFORMACAO. VAO FAZER UMA FOTO USANDO NOVA TECNOLOGIA, COM PARTES DE TODAS AS FOTOS TIRADAS POR TODOS OS EXPECTADORES QUE MANDAREM PARA LA POR EMAIL, DO MOMENTO DO JURAMENTO DO OBAMA.
AGRADECO AS INUMERAS MENSAGENS QUE CHEGARAM DE AMIGOS E AMIGAS BRASILEIROS, ATRAVES DE MENSAGENS DE SMS (TORPEDO) PARA O MEU CELULAR, VIA BLOG DO HUMBERTO ADAMI E LISTA DE DISCRIMINACAO RACIAL.
NAO ESTOU TENDO ACESSO A EMAIL ATE AGORA.
domingo, 18 de janeiro de 2009
NA POSSE DE OBAMA
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Renda e educação dos pais pesam mais do que cor em desigualdade racial na escola
Renda e educação dos pais pesam mais do que cor em desigualdade racial na escola
A desigualdade de acesso à educação entre negros e brancos no Brasil se deve mais à origem social do que à discriminação de cor. Entretanto, o preconceito também influencia a diferença. Essa é uma das conclusões de um estudo feito pelo Centro de Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD, resultado de parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
O texto, intitulado Toda a Desigualdade Socioeconômica entre os Grupos Raciais no Brasil é causada por Discriminação Racial?, do economista Rafael Guerreiro Osório, faz uma análise detalhada da evolução educacional dos brasileiros nascidos de 1973 a 1977, tendo como base diferentes edições da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo IBGE).
O economista acompanhou, por meio das amostras de 1982, 1987, 1992, 1996 e 2005, o acesso da população à educação. Ele dividiu os grupos de acordo com a instrução do chefe da família, a renda familiar e a cor da pele e verificou, por exemplo, a porcentagem de crianças nascidas entre 1973 e 1977 que chegaram aos estavam alfabetizadas em 1982, estavam no ensino médio em 1992 e na universidade em 1996. Para evitar distorções, o estudo controlou fatores que poderiam influenciar o resultado, como região, sexo e idade. A partir dos dados, foi criado um modelo estatístico pelo qual é possível estimar a influência de cada uma das variáveis (educação, renda e cor da pele) no resultado.
Nesse modelo, os fatores que influenciaram o sucesso educacional (chegar ao nível de escolarização indicado para a idade) são os socioeconômicos, mais do que a cor da pele. Por exemplo, a probabilidade de uma criança de 7 anos estar alfabetizada em 1982 cresce quando a educação do chefe de família e a renda da casa são maiores, independentemente de o aluno ser branco, preto ou pardo. A região também influencia, e a probabilidade cresce na seguinte ordem: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Desse modo, a criança nascida na região Norte teria menos chances de estar alfabetizada, e a nascida no Sul, mais chances. Esse padrão de influência da educação dos pais e da renda se repete em todos os níveis analisados — ensino fundamental, ensino médio e superior.
O fato de a região e de a origem social serem mais relevantes que a discriminação por cor traz uma conclusão ruim, na opinião do autor do estudo. "Isso só mostra que o Brasil é um país com baixa mobilidade social e que o peso da origem social é grande. É muito difícil para alguém com renda baixa e cujos pais não tiveram acesso à educação conseguir atingir um nível educacional alto", afirma Osório. Para o especialista, isso pode explicar a manutenção dos negros entre os segmentos de renda mais baixos da sociedade e a perpetuação de uma desigualdade racial que vem dos tempos da escravidão.
Influência importante
Uma parte central do estudo analisa como se comporta a influência da discriminação por cor. A constatação de que o fato de ser negro faz, sim, diferença é sustentada pela observação de que pretos e pardos levam desvantagem em todos os indicadores de acesso à educação, mesmo quando a renda e a escolarização dos pais são iguais às dos brancos. Por exemplo, entre um negro e um branco nascidos entre 1973 e 1977 na região Norte, provenientes de famílias com o mesmo nível de renda e com os pais com o mesmo grau de instrução, eram maiores estatisticamente as chances de o branco estar na universidade em 1996.
Essa diferença em relação à cor é encontrada em maior ou menor escala em praticamente todos os cenários analisados. "A grande novidade que trazemos é conseguir medir onde a discriminação exerce maior influência para atingir a educação. E, nesse sentido, são justamente os negros de classe média que sofreram mais os efeitos negativos da discriminação na geração analisada", afirma Osório.
Para esse segmento da sociedade, ser negro estava relacionado a menor probabilidade de ter entrado na universidade em 1996. O estudo identificou um padrão: quanto maior a disputa por acesso ao ensino (poucas vagas e muitos em condição de concorrer a elas), mais a cor da pele influencia o sucesso educacional — sempre com desvantagem para pretos e pardos.
Nos domicílios de menor renda e menor instrução, a cor da pele faz pouca diferença na probabilidade de uma criança nascida entre 1973 e 1977 ter chegado à faculdade em 1996 — nessas condições, a chance é pequena tanto para pretos ou pardos quanto para brancos. Na outra ponta, quando negros e brancos estão entre o 1% mais rico da população, a influência da cor no acesso à universidade também é pequena: a probabilidade é alta para os dois grupos.
É, portanto, na camada intermediária que a cor pesa mais. Para uma pessoa que estivesse entre os 20% mais ricos do Brasil, nascida no Nordeste em uma família cujo chefe estudou até a quarta série do ensino fundamental, a influência da cor da pele no acesso à universidade é o dobro de uma pessoa com as mesmas características, mas que estivesse entre os mais pobres.
Do mesmo modo, quando havia mais disputa pelas classes de alfabetização, em 1982, ser branco ou negro fazia diferença — era menor a chance de um preto ou pardo estar alfabetizado. Já em 2005, a influência da cor da pele era pequena. O que aconteceu entre os dois períodos? O acesso à alfabetização foi universalizado: quase todos têm oportunidade de atingir esse nível educacional na idade certa. Isso significa, portanto, que, quanto maior o acesso à educação, menor os efeitos da discriminação por cor.
Cotas
Rafael Osório aproveita a conclusão para recuperar um assunto polêmico, não abordado no estudo: "Isso significa que universalizar a educação é melhor do que a política de cotas? Depende da urgência com que o Brasil quer tratar a questão. Dar oportunidade a todos para chegar à universidade realmente acabaria com a desigualdade racial nesse caso. Mas precisamos ver até onde isso é possível de ser feito e a urgência das pessoas que estão na idade de estudar. As cotas podem ser um bom instrumento para corrigir com rapidez essa desigualdade racial, motivada, entre outros motivos, também pela discriminação", afirma.
FONTE: OUVIDORIA GERAL DA PETROBRÁS
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
PUBLICADA ATA DO CNMP SOBRE PROVIDÊNCIA EM INQUÉRITOS DE 10.639 NO RJ
Escravidão foi crime contra humanidade, diz diplomata
Escravidão foi crime contra humanidade, diz diplomata
13/08/2001 Autor: FERNANDA DA ESCÓSSIA Origem do texto: Da Sucursal do Rio Editoria: BRASIL Página: A4 Edição: Nacional Aug 13, 2001 Seção: ENTREVISTA DA 2ª Legenda Foto: Gilberto Vergne Saboia, que preside o comitê brasileiro para a conferência da ONU sobre racismo Crédito Foto: Alan Marques - 9.abr.2001/Folha Imagem Observações: * COM SUB-RETRANCAS; ENTREVISTA Assuntos Principais: DIREITOS HUMANOS; RACISMO; CONFERÊNCIA DA ONU CONTRA O RACISMO, A DISCRIMINAÇÃO RACIAL, A XENOFOBIA E A INTOLERÂNCIA CORRELATA; DURBAN /ÁFRICA DO SUL/; GILBERTO VERGNE SABOIA; REPARAÇÃO; ESCRAVIDÃO; SIONISMO; POLÊMICA
Gilberto Saboia representa o Brasil em reunião sobre racismo
Escravidão foi crime contra humanidade, diz diplomata FERNANDA DA ESCÓSSIA DA SUCURSAL DO RIO A reparação pela escravidão e as políticas de Israel em relação aos palestinos devem ser os temas mais polêmicos a serem discutidos durante a Conferência da ONU contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, que será realizada em Durban, na África do Sul, entre os dias 31 de agosto e 7 de setembro. Essa é a avaliação do embaixador Gilberto Vergne Saboia, 59, secretário de Estado de Direitos Humanos e presidente do comitê brasileiro preparatório para a conferência. Na semana passada, Saboia esteve em Genebra, na Suíça, para o encontro preliminar da cúpula sobre racismo, encerrado na última sexta-feira, e presidiu o grupo encarregado de elaborar propostas de ação contra o racismo. Leia, a seguir, os principais trechos de sua entrevista, concedida, por telefone, de Genebra.
* Folha - Que balanço o sr. faz das negociações em Genebra? Gilberto Vergne Saboia - O resultado foi mais positivo que a expectativa. Nós iniciamos a reunião com a idéia de que havia impasses muito graves, que pareciam barreiras quase intransponíveis. A situação ainda é difícil em alguns aspectos.
Folha - Quais? Saboia - A primeira área de negociação difícil é a questão da reparação, sobre que tipo de referência a conferência deveria fazer aos fatos do passado, às causas e às origens históricas da discriminação racial e do racismo _a escravidão, o tráfico de escravos, o colonialismo. Há um debate sobre que tipo de reconhecimento deve ser feito em relação a esses fatos, até mesmo sobre como incluir uma referência de que esses fatos, se ocorressem hoje, seriam equivalentes a crimes contra a humanidade. Discute-se como a comunidade internacional ou os países afetados deveriam se comportar em relação a esses fatos, se deveriam expressar uma desculpa ou fazer um mea culpa. Estariam vinculadas a isso reivindicações específicas da África em relação à reparação.
Folha - Serão aprovadas reparações contra a escravidão? Saboia - Isso está sendo negociado. Têm havido consultas às partes interessadas, basicamente à União Européia e aos Estados Unidos. Existe uma manifestação ou uma disposição dos países ocidentais de contemplar uma linguagem que expresse desculpas ou lamente esses fatos sem envolver obrigação de reparação. Do lado dos africanos, além da questão da linguagem, existe uma lista de reivindicações, de questões mais voltadas para aspectos de desenvolvimento econômico e social. Eles querem o perdão das dívidas, falam de comércio, de assuntos que não necessariamente estão relacionados aos direitos humanos, tema da conferência.
Folha - Qual a posição do Brasil sobre as reparações? Saboia - Não chegamos a detalhes. Consideramos que deve haver um reconhecimento dos fatos do passado como fatores históricos e causas principais do racismo e que esse reconhecimento gera uma obrigação moral dos países em relação às populações afetadas. É preciso contribuir para que as consequências ainda existentes desses fatos do passado, as que persistem no presente, sejam corrigidas, sem que isso necessariamente envolva pagamentos e reparações pecuniárias. No nosso caso, pensamos em políticas públicas e em ações afirmativas.
Folha - Que grupos são apontados como vítimas do racismo? Saboia - Esse é outro debate, sobre como listar as vítimas e as bases de discriminação. Quais são as vítimas? Os africanos, os afro-descendentes, os povos indígenas, as minorias, os refugiados. Há uma discussão sobre essas listas. Um grupo de países quer limitar as vítimas àquelas listas já reconhecidas pelas convenções existentes, porque há as vítimas propriamente ditas e as vítimas das chamadas múltiplas causas, ou causas agravadas ou conexas, que incluiriam mulheres, pessoas com deficiência, homossexuais.
Folha - Será possível incluir esses grupos? Saboia - Vai ser muito difícil, porque as decisões são tomadas por consenso. Estamos procurando ajudar a fazer essa inclusão, mas países islâmicos e países muito ligados ao catolicismo mais conservador têm restrições à inclusão da orientação sexual. Quando houve a votação do credenciamento de uma organização de lésbicas, nós votamos a favor. O credenciamento foi recusado por um voto, mas outras organizações estão credenciadas.
Folha - Os países árabes querem que o sionismo (movimento político e religioso judaico iniciado no séc. 19 com o objetivo de criar um Estado judaico) seja igualado ao racismo. Como ficou esse ponto? Saboia - Essa é a questão mais difícil. Os Estados Unidos diziam que não admitiam nenhuma referência sobre isso, agora já estão dizendo que podem considerar essa possibilidade, desde que seja utilizada uma linguagem genérica, que se não mencione Israel explicitamente e que se baseie em textos aceitos anteriormente. Havia uma proposta de fazer uma equiparação entre sionismo e racismo, mas hoje há uma concordância de que isso não deve ser feito. Os árabes continuam insistindo, mas o debate está evoluindo para se redigir algo aceitável por todos. Isso está um pouco longe de ser conseguido, vai ficar para Durban.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
AS MULATAS DO GÓIS - CONCURSO NO GLOBO
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
DISTRIBUÍDA PARA MIN. ELLEN GRACIE DO STF AÇÃO 4314 QUE PEDE DECRETO 4228 CONTRA 17 MIN DE ESTADO
Supremo Tribunal Federal - Andamento ProcessualPrezado Sr(a). HUMBERTO ADAMI SANTOS JUNIOR, notificamos V.Sa dos seguintes andamentos processuais: Pet Nr. 4314 Relator: MIN. ELLEN GRACIE REQTE.(S): INSTITUTO DE ADVOCACIA RACIAL E AMBIENTAL - IARA ADV.(A/S): HUMBERTO ADAMI SANTOS JÚNIOR REQDO.(A/S): FERNANDO HADDAD REQDO.(A/S): CELSO LUIZ NUNES AMORIM REQDO.(A/S): JOSÉ GOMES TEMPORÃO REQDO.(A/S): TARSO FERNANDO HERLZ GENRO REQDO.(A/S): GILBERTO PASSOS GIL MOREIRA REQDO.(A/S): MARIA OSMARINA MARINA DA SILVA VAZ DE LIMA REQDO.(A/S): GUIDO MANTEGA REQDO.(A/S): LUIZ MARINHO REQDO.(A/S): PATRUS ANANIAS DE SOUSA REQDO.(A/S): SÉRGIO MACHADO REZENDE REQDO.(A/S): CARLOS ROBERTO LUPI REQDO.(A/S): ALFREDO PEREIRA DO NASCIMENTO REQDO.(A/S): EDSON LOBÃO REQDO.(A/S): PAULO BERNARDO SILVA REQDO.(A/S): HÉLIO CALIXTO DA COSTA REQDO.(A/S): MIGUEL JOÃO JORGE FILHO REQDO.(A/S): GUILHERME CASSEL REQDO.(A/S): NELSON AZEVEDO JOBIM REQDO.(A/S): GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA REQDO.(A/S): MARCIO FORTES DE ALMEIDA REQDO.(A/S): MARTA TERESA SUPLICY Matéria: Improbidade Administrativa - - Data do Andamento: 07/01/2009 Andamento: Distribuído Observações: MIN. ELLEN GRACIE Este é um e-mail automático. Por favor não responda. Para entrar em contato, utilize o serviço “Fale Conosco” situado na página de acesso ao STF-PUSH no site www.stf.jus.br. Este é um serviço meramente informativo, não tendo, portanto, cunho oficial. Supremo Tribunal Federal Praça dos Três Poderes – Brasília-DF – CEP 70175-900 – Telefone: (61) 3217.3000
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
African socialists call for slavery reparations.
Africa's socialists have issued a new call for reparations to be paid to Africans for 400 years of slavery. Delegates at the first West African conference of the African Socialist International in Freetown, Sierra Leone, insisted that it is long overdue for the West to pay for the "heinous crimes committed against Africans for our enslavement and dehumanisation".
Heading the call was Ismail Rashid, a Sierra Leonean professor of African History at New York's Vassar College. Rashid maintains that "asking for reparations is no favour demanded from the West. It is our right because through slavery, the West stole our labour, dignity and resources. It is repayment for our labour, our looted human resources."
He invited reparation both in the form of technology transfer and financial resources "because slavery destroyed Africa's early potential for growth and industrial advancement". The conference brought together African socialists from around the continent, Europe and the United States to discuss slavery and other themes.
The African People's Socialist Party was founded in the US in the 1970s as a product of the Black Power movement.
http://www.thefreelibrary.com/African+socialists+call+for+slavery+reparations.-a0190340848 http://humbertoadami.blogspot.com/2009/01/african-socialists-call-for-slavery.htmlMPF/SE acompanha implantação de ensino sobre cultura afro-brasileira
MPF/SE acompanha implantação de ensino sobre cultura afro-brasileira
Contéudo é obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares.
O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), encaminhou ofício à Secretaria de Estado da Educação solicitando informações sobre os procedimentos de inserção de conteúdo programático sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas da rede estadual. O artigo 26-A e parágrafos 1º e 2º da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB) determinam que “nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira”. A emenda à LDB aconteceu através da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Segundo a legislação, o conteúdo programático deve contar o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil. Ainda de acordo com a lei, esses conteúdos serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. Em Sergipe também existe uma lei estadual que “dispõe sobre a obrigatoriedade do Conselho Estadual de Educação estabelecer e normatizar as Diretrizes Operacionais, para a inclusão nos currículos da Educação Básica das Redes Pública e Particular do Estado de Sergipe o ensino obrigatório da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Africana", conforme a Lei Federal 10.639 de 09 de Janeiro de 2003 e dá outras providências”. No Ministério Público Federal, há um procedimento administrativo que acompanha e assegura a implantação da temática afro-brasileira na rede federal, estadual, municipal público e privados de ensino. “Queremos saber, por ora, da Secretaria de Estado da Educação, de como anda esse processo de inserção nos currículos da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, informou o procurador regional dos Direitos do Cidadão Ramiro Rockenbach da Silva. Foi dado o prazo de 20 dias para o secretário de Estado da Educação José Fernandes de Lima responder ao MPF/SE. O procurador também se colocou à disposição para tratar pessoalmente da questão. Cristian Góes Assessoria de Comunicação Procuradoria da República em Sergipe (79) 3234-3729 ascom@prse.mpf.gov.br
domingo, 4 de janeiro de 2009
Regras fluminenses - Procuradoria pede extinção de ADI contra lei das cotas - REVISTA CONSULTOR JURÍDICO
Regras fluminenses
Procuradoria pede extinção de ADI contra lei das cotas
por Marina Ito
A Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro pediu que fosse julgada prejudicada a Ação Direta de Inconstitucionalidade em que a Confederação Nacional de Estabelecimentos de Ensino (Confenen) questiona a Lei fluminense 4.151/03, que criou o sistema de cotas para as universidades do Rio. A Procuradoria baseia seu pedido no fato de artigos da lei terem sido revogados pelas Leis 5.230/08 e 5.074/07. O relator da ADI é o ministro Menezes Direito.
A norma determina que 45% do total de vagas em instituições de ensino superior sejam reservadas a estudantes de baixa renda. A porcentagem é distribuída em três grupos: estudantes negros (20%); estudantes da rede pública de ensino do estado do Rio de Janeiro (20%); e pessoas com deficiências, integrantes de minorias étnicas e filhos de policiais mortos em serviço (5%).
Na nova redação, dada pela Lei 5.074/07, filhos de bombeiros e inspetores de segurança e administração penitenciária mortos ou incapacitados em razão do serviço foram incluídos no sistema de cotas.
O Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) e outras entidades, representados pelo advogado Humberto Adami, participam da ação como amicus curiae.
Discriminação ampliada
A Confenen, que entrou com a ação em 2004, alega que a Lei 4.151/03 cria privilégio em favor dos candidatos ao vestibular que tenham cursado o ensino médio em escolas públicas do Rio de Janeiro, em detrimento daqueles que tenham estudado em outros estados.
Segundo a entidade, a discriminação também atinge os candidatos carentes das escolas particulares, além de abranger os candidatos que, embora de baixa renda, não são negros. "Estudante pobre branco e estudante pobre pardo estão alijados do sistema de cotas, que só beneficia candidatos que se declaram negros", argumenta. Ou seja, ao tentar dar condições de igualdade, a lei acaba esquecendo de outros “desiguais”.
Para a confederação, a lei estadual ofende os artigos 5º, que trata dos princípios da isonomia e da interdição de discriminação; 206, inciso I, e 208, inciso V, sobre a transgressão do princípio democrático e republicano do mérito; e artigo 19, inciso III, sobre a vedação de preferências entre estados, todos da Constituição Federal.
A Confenen sustenta, ainda, que a Lei 4.151/03 afronta o artigo 22, inciso XXIV, da Constituição Federal. O dispositivo estabelece que "compete privativamente à União Federal legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional". A lei fluminense sofreria, portanto, de vício formal por ter sido criada pelo legislador estadual, que teria extrapolado os limites de sua competência, legislando sobre matéria relativa às diretrizes e bases da educação nacional.
Discussão nacional
A lei fluminense está em vigor desde setembro de 2003. Em 2008, as discussões sobre o sistema de cota foram impulsionadas depois que a Câmara dos Deputados aprovou, na data em que se comemora o Dia da Consciência Negra — 20 de novembro, o Projeto de Lei 73/99. De acordo com o projeto, de relatoria da deputada Nice Lobão (DEM-MA), 50% das vagas nas 58 universidades federais devem ser destinadas a alunos que cursaram os três anos do ensino médio em escola pública.
O projeto de lei recebeu emenda que destina metade dessas vagas (25% do total) para estudantes pertencentes a famílias com renda até R$ 622,50 (um salário mínimo e meio). Os outros 25% serão para negros, pardos e indígenas.
Desses 25%, o número de vagas para cada etnia será divido conforme a sua representação no estado em que está localizada a instituição, ou seja, se a porcentagem de indígena for a maior, esse grupo terá o numero de vagas maior. Os dados serão baseados no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Aprovado na Câmara, o projeto seguiu para o Senado onde precisa ser votado. No dia 18 de dezembro, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado promoveu uma audiência pública para tratar do tema. Os palestrantes mostraram-se contrários ao projeto que inclui o critério racial para o sistema de cotas, segundo informações da Agência Senado.
ADI 3.197
Revista Consultor Jurídico, 31 de dezembro de 2008
http://www.conjur.com.br/static/text/73092,1
http://humbertoadami.blogspot.com/2009/01/regras-fluminenses-procuradoria-pede.html
sábado, 3 de janeiro de 2009
DISCURSO DO DEPUTADO CARLOS SANTANA(PT-RJ) NA CÂMARA DOS DEPUTADOS SOBRE IARA E HUMBERTO ADAMI
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O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna me solidarizar com o advogado e presidente do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental - IARA, Dr. Humberto Adami, que impetrou 28 representações no Ministério Público do Trabalho em todos os Estados e no Distrito Federal, requerendo informações sobre desigualdade racial no mercado de trabalho, nos setores bancário, industrial e comercial. As sentenças, como não poderia ser diferente, foram julgadas improcedentes, mas muitos bancos mudaram sua posição e atualmente tem divisões focadas na promoção da diversidade. Temos de apoiar a luta desse companheiro porque sabemos que o Brasil tem uma legislação anti-racista. O problema é sua eficácia, e tudo isso se deve às manifestações do Movimento Negro e à aparição do tema na imprensa. O Dr. Adami tem um currículo extenso. Ele acumula algumas funções, como Diretor da Federação Nacional dos Advogados; membro do Conselho Superior Faculdade Zumbi dos Palmares/AFROBRAS e mestre em Direito da Cidade e Urbanismo pela Universidade do Rio de Janeiro. Temos muitos obstáculos a ser superados, mas o belo exemplo que o Dr. Adami está dando nos estimula a lutar cada vez mais pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, a fazer com que de fato seja colocada em prática a Lei nº 10.639, cultura afro nas escolas, o feriado de 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra e a anistia para o marinheiro João Cândido. Esta Casa tem de fazer as reparações necessárias com os afro-descendentes. A mentalidade tem de mudar. As leis que existem são boas ferramentas jurídicas, mas ainda falta mesmo é mais pessoal preparado para lidar com essa legislação. Sabemos que é crime inafiançável a discriminação racial, mas é raro alguém ser preso por crime racial, apesar de vermos com freqüência pessoas fazendo denúncias. Até agora não conseguimos chamar atenção para o racismo no Brasil, inclusive pela via da dramaturgia. Até agora não tivemos nenhum mocinho interpretado por um negro. O Brasil deve aos negros justiça. Este País foi construído pela força negra. Era o que tinha a dizer.
FONTE: CÂMARA DOS DEPUTADOS CLIQUE AQUI |
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Professores da educação básica farão aperfeiçoamento em 27 universidades
Como 72% dos municípios pediram, nos seus planos de ações articuladas (PAR), a formação de professores na temática étnico-racial, história e cultura afro-brasileira, o Ministério da Educação selecionou 27 universidades públicas, federais e estaduais, para organizar os cursos e produzir material didático-pedagógico em 2009. Para executar essa tarefa, as universidades têm R$ 3,6 milhões. Cada projeto recebeu no final de 2008 entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.
Prevista na Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, a formação em relações étnico-raciais deve ser oferecida ao conjunto dos professores da educação básica pública em cursos de aperfeiçoamento, especialização ou extensão. Entre as 27 universidades, o ministério escolheu duas instituições para organizar livros e criar vídeos para uso de professores e alunos nas salas de aula.
Entre as instituições que farão seleção para curso no início deste ano está a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus da cidade de Jequié. Será um curso de pós-graduação, com 360 horas, nível de especialização em antropologia, com ênfase na cultura afro-brasileira.
O curso, com 50 vagas, terá quatro módulos presenciais, duração de 12 meses, ministrado uma vez por mês, de quinta-feira a domingo. No restante da semana, professores pesquisadores da UESB vão acompanhar os estudantes na organização da monografia, que será apresentada no final da formação. O curso está previsto para começar em 21 de março. Entre as disciplinas do currículo elaborado pela UESB estão a antropologia das populações afro, história e cultura afro-brasileira, diversidade lingüística.
A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) já selecionou os 120 professores da rede estadual do Espírito Santo que farão um curso de pós-graduação, nível de aperfeiçoamento, com 200 horas presenciais em história da África e relações étnico-raciais. As aulas começam em fevereiro. Entre os temas que serão abordados por pesquisadores da UFES, professores convidados e militantes do movimento negro nacional, estão a literatura africana e afro-brasileira, violência e relações raciais, estudos sobre a África, relações étnico-raciais no Brasil, territórios quilombolas, saúde e grupos étnico-raciais.
Tiveram prioridade na seleção feita pela universidade, professores que trabalham em municípios que pediram o curso no PAR, efetivos na rede, com graduação e interesse na temática.
A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, concluiu em dezembro o primeiro de dois cursos previstos no seu projeto. A UFVJM construiu um curso de extensão de 96 horas presenciais e 40 dias de duração – de 28 de outubro a 6 de dezembro. Nesse período, atualizou 500 professores e gestores, da educação infantil ao ensino médio, de 41 municípios dos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce. Outros 460 professores já selecionados pela UFVJM farão a formação no primeiro semestre deste ano.
Na extensão, eles viram conteúdos sobre relações raciais no Brasil, história da África, história afro-brasileira, cultura africana e currículo escolar. As aulas da primeira turma aconteceram em regime intensivo de quarta-feira a sábado, durante seis semanas, sendo dois dias semanais para professores da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental e outros dois dias para professores dos anos finais e do ensino médio.
Formação nacional – A capacitação dos professores da educação básica em história da África e relações raciais afro-brasileiras é feita por um conjunto de 20 universidades federais e cinco estaduais selecionadas pelo Ministério da Educação. As universidades federais de São Carlos (UFSCar) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram escolhidas para elaborar materiais didáticos para uso de professores e estudantes na sala de aula. A UFSCar vai produzir livros para o professor e para o aluno das séries finais do ensino fundamental e a UFRGS vai criar um vídeo sobre a história da África. O repasse dos recursos para as 27 universidades foi feito pelo Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro).
O Plano de Ações Articuladas (PAR) é um diagnóstico e planejamento das ações educacionais realizado por estados e municípios para um período de cinco anos, de 2007 a 2011. (Mec)
Auxiliar de limpeza ganha indenização por discriminação racial
Auxiliar de limpeza ganha indenização por discriminação racial
“Essa negra, para vir trabalhar, está doente, mas para pular carnaval está boa.” Esta foi apenas uma das muitas atitudes discriminatórias, cometidas de forma explícita ou velada por um preposto, que levaram a Justiça do Trabalho a condenar a Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste (FACCAT), da cidade de Taquara (RS), a pagar indenização de R$ 3 mil a uma auxiliar de limpeza, por dano moral pela prática de racismo. A condenação foi confirmada pela 5ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que rejeitou recurso de revista da fundação na sessão de julgamento da última quarta-feira (19/11). “Muito me admira que ainda se tenha que decidir litígios por conta dessa espécie de comportamento – retrógrado, ultrapassado, desrespeitoso, que atinge a dignidade da pessoa”, assinalou o presidente da 5º Turma, ministro Brito Pereira. O relator, ministro Emmanoel Pereira, lembrou que o julgamento ocorria na véspera do Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20.
Na inicial, a trabalhadora informa ter sido sistematicamente perseguida por seu chefe, que sempre se dirigia a ela “chamando-a de ‘negra’ com ar de deboche”. Quando era mandada para outro setor, o chefe informava aos demais funcionários: “vem uma negra trabalhar contigo”. Os depoimentos colhidos na fase de instrução do processo, pela 3ª Vara do Trabalho de Taquara, delinearam um quadro inquestionável para todas as instâncias pelas quais o processo tramitou. O funcionário acusado de racismo, segundo todas as testemunhas ouvidas, fazia piadas depreciativas, comentava sobre negros de forma preconceituosa, chamava a auxiliar de limpeza de “negrona” e colocava defeitos em seu serviço – defeitos que os próprios colegas afirmaram não existir. “A situação de humilhação chegou ao extremo que levou a empregada a registrar ocorrência policial”, afirmou seu advogado.
A primeira reação da trabalhadora foi pedir uma reunião com o diretor da escola, na qual, em lágrimas, explicou a situação, diante dos colegas da limpeza e do funcionário acusado de destratá-la. Segundo ela e as demais testemunhas ouvidas, o chefe, ao invés de receber pelo menos uma advertência ou reprovação, foi louvado e teve sua conduta considerada insuspeita, por ter “vestido a camisa da FACCAP”. Ao fim da reunião, o funcionário disse a uma das testemunhas: “Essa negrinha tentou me derrubar, mas não conseguiu.”
O passo seguinte foi, então, o ajuizamento da reclamação trabalhista que resultou na condenação da fundação educacional, mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS). Ao recorrer mais uma vez, agora por meio de recurso de revista ao TST, a FACCAT sustentou que os elementos caracterizadores do dano moral não foram provados nos autos, pois os depoimentos tratavam apenas de “comentários de corredores e boatos genéricos”. Alegou ainda haver contradição entre as testemunhas e a própria empregada, que admitiu nunca ter ouvido as piadas ofensivas.
Para o ministro Emmanoel Pereira, as provas colhidas demonstraram, à exaustão, a ocorrência do dano à imagem e à honra da trabalhadora, mediante ato perpetrado pelo preposto da fundação. Os depoimentos revelaram que várias pessoas presenciavam o empregado praticando atos discriminatórios e atacando a raça negra e a auxiliar de limpeza em particular. “O fato de eventualmente a trabalhadora nunca ter ouvido uma piada depreciativa em nada torna menos lesiva a conduta”, afirmou o relator. “O fato de falar mal e parar de falar quando da aproximação do ofendido não retira a gravidade da conduta e pode até aumentá-la, por constituir atitude dissimulatória com vista também a aumentar o sofrimento da pessoa, que sequer poderia se manifestar, ante a atitude velada e covarde do preposto da empresa”, concluiu, afirmando que a condenação da empresa, em vez de contrariar, “emprestou plena efetividade” ao artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, que trata da inviolabilidade do direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. (RR 823/2006-383-04-00.0)
Fonte: ASCS-TST