quarta-feira, 30 de março de 2011

A decisão que se executa no caso de Sony & Tiririca


ABAIXO O LINK DA DECISÃO QUE SE SE EXECUTA DO CASO DE SONY  &  Tiririca. 
Estudiosos das questões das relações raciais devem se debruçar para torar mais fácil o caminho da concretizaão dos direitos das relações raciais. A leitura do acordão da fase de conhecimento da idéia da dificuldade do caso.
Humberto Adami.

http://srv85.tjrj.jus.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?idDocumento=0003446BE7441948C78966E10DB8D62256309FBBC3103E37

Condenação da Sony será recalculada


Condenação da Sony será recalculada

Notícia publicada em 30/03/2011 19:50
A 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio reformou em parte a sentença em que a Sony Music havia sido condenada a pagar R$ 300 mil a entidades de combate à discriminação racial pela divulgação da música "Veja os Cabelos Dela", cantada por Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca. O desembargador relator Mario Robert Mannheimer determinou que os autos retornem ao contador para novos cálculos. 
Segundo o recurso impetrado pelo Centro de Articulação das Populações Marginalizadas, Instituto das Pesquisas das Culturas Negras, Grupo de União e Consciência Negra, Instituto Palmares de Direitos Humanos e a organização Criola, os cálculos periciais realizados para atualizar o valor da condenação da Sony tomaram por base a correção monetária a partir da data em que foi proferido um acórdão do TJ sobre o caso, em 10 de fevereiro de 2004, e não a partir da data da citação da empresa, que ocorreu em 29 de julho de 1997.
Os cálculos realizados da primeira forma chegaram à importância de R$ 663.159,37, que foram depositados voluntariamente em juízo pela Sony. Porém, segundo as entidades, o valor da condenação atualizada com correções monetárias e juros legais seria de R$ 1.297.045,67. De acordo com o desembargador Mario Robert Mannheimer, inexiste outra interpretação para a situação: “A correção monetária quanto aos juros de mora deveriam incidir a contar da citação. Por esta razão, a sentença merece parcial reforma para que sejam elaborados novos cálculos pelo contador”, concluiu em seu voto.
http://srv85.tjrj.jus.br/publicador/noticiasweb.do?acao=exibirnoticia&ultimasNoticias=21984&classeNoticia=2

TJ-RJ mantém decisão que condena música de Tiririca por racismo



30/03/2011 - 16h56

TJ-RJ mantém decisão que condena música de Tiririca por racismo

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DE SÃO PAULO
A 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio manteve nesta terça-feira (29) decisão que condena a gravadora Sony Music por causa da música "Veja os cabelos dela", composta pelo agora deputado Tiririca (PR-SP).


Sérgio Lima-2.mar.11/Folhapress
Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, durante sessão da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, durante a primeira sessão da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
A decisão confirma sentença de 2004 que estipulava indenização de R$ 300 mil. A Câmara também determinou ontem a correção monetária retroativa desde 1997, quando o processo foi ajuizado.
A indenização, que deve ser destinada ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, foi calculada a partir lucros obtidos com as vendas do disco na época.
A ação foi movida pelas ONGs Centro de Articulação das Populações Marginalizadas, Instituto das Pesquisas das Culturas Negras, Grupo de União e Consciência Negra e Instituto Palmares.
Segundos as entidades, a música gravada por Tiririca é racista. "Essa nega fede, fede de lascar/ Bicha fedorenta, fede mais que gambá", diz um dos trechos da canção.
"Embora a expressão 'nega' possa realmente ser utilizada popularmente dentro de um contexto afetivo, sem qualquer conotação racial, no presente texto, a combinação de tal expressão com a alusão a cabelos característicos da raça negra, que são pejorativamente comparados a 'bombril de ariar panela', seguidos de referências ao 'fedor da nega', comparado a um gambá, caracteriza a ofensa indiscriminada às mulheres da etnia negra", afirma o desembargador Mario Robert Mannheimer, relator do caso, na decisão de 2004.
A gravadora diz que vai recorrer da decisão e lembra que já depositou parte do dinheiro em juízo. Tiririca não tem mais contrato com a Sony Music. O deputado também não foi colocado pelas entidades como parte do processo.
Lançado em 1996, o disco de Tiririca vendeu cerca de 250 mil cópias antes de ter 80 mil unidades recolhidas.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/896044-tj-rj-mantem-decisao-que-condena-musica-de-tiririca-por-racismo.shtml

Gravadora é condenada a pagar indenização por música considerada racista em CD de Tiririca. Para advogado, caso foi ‘bullying’ - Rio - Extra Online

Gravadora é condenada a pagar indenização por música considerada racista em CD de Tiririca. Para advogado, caso foi ‘bullying’ - Rio - Extra Online



Gravadora é condenada a pagar indenização por música considerada racista em CD de Tiririca. Para advogado, caso foi ‘bullying’

O deputado federal Tiririca / Foto: Eliaria Andrade
Ana Carolina Torres
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O advogado Humberto Adami - que representava 15 entidades do movimento negro na ação que condenou a Sony Music a pagar R$ 1,2 milhão de indenização por conta de uma música do atual deputado federal Tiririca, gravada num CD de 1996, e considerada racista - disse, nesta quarta-feira, que o caso foi um dos primeiros de "bullying" no Brasil. O processo, iniciado em 1997, tinha como alvo a canção "Veja os Cabelos Dela", composta pelo próprio Tiririca e que dizia: "Parece bom-bril, de ariá panela / Eu já mandei, ela se lavar / Mas ela teimo, e não quis me escutar / Essa nega fede, fede de lascar / Bicha fedorenta, fede mais que gambá".
- A música era tocada em escolas e muitas mães negras começaram a ter problemas com as filhas. As crianças não queriam mais ir à escola - disse Humberto.
Coordenadora da ONG Criola - de Defesa e Promoção dos Direitos das Mulheres Negras -, Lúcia Xavier disse que a condenação da Sony foi uma vitória. Segundo ela, a gravadora tem que ser responsável pelo conteúdo veiculado pelos CDs que lança:
- Essa decisão recoloca em nosso estado a obrigatoriedade do respeito ao cidadão.
A condenação da Sony foi noticiada pelo jornalista Ancelmo Gois, em sua coluna no jornal O Globo desta quarta-feria. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Sony limitou-se a informar que vai recorrer da sentença.


http://extra.globo.com/noticias/rio/gravadora-condenada-pagar-indenizacao-por-musica-considerada-racista-em-cd-de-tiririca-para-advogado-caso-foi-bullying-1453934.html

Justiça condena gravadora a pagar indenização por música de Tiririca


30/03/2011 13h56 - Atualizado em 30/03/2011 14h06

Justiça condena gravadora a pagar



indenização por música de Tiririca



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Do G1 RJ

Música de Tiririca é alvo de processo judicial (Foto: Reprodução / GloboNews)Música polêmica é alvo de processo na Justiça
(Foto: Reprodução / GloboNews)
A gravadora Sony Music foi condenada a pagar indenização de mais de R$ 300 mil por danos morais por causa da música "Veja os Cabelos Dela", cantada pelo atual deputado federal, Tiririca. Na terça-feira (29), a Justiça do Rio confirmou sentença de 2004 e determinou que os juros e correção monetária sobre o valor estipulado deverão ser calculados de maneira retroativa, desde a data da citação, em 1997. A decisão é do desembargador da 16ª Câmara Cível, Mario Robert Manheimeir.
Com isso, segundo o advogado das entidades que processam a empresa, o montante pode chegar a R$ 1,2 milhão. Procurada pelo G1, a Sony Music informou que irá recorrer da decisão.
A ação é movida pelas Organizações Não-Governamentais Centro de Articulação das Populações Marginalizadas, Instituto das Pesquisas das Culturas Negras, Grupo de União e Consciência Negra, Instituto Palmares de Direitor Humanos e Criola, que se disseram ofendidas pelos versos: “Essa nega fede, fede de lascar/Bicha fedorenta, fede mais que gambá”.
Em 2009, Sony depositou mais de R$ 600 mil em juízo
De acordo com o processo, a Sony Music fez um depósito em juízo no valor de R$ 663.159,37, no fim de 2009. No entanto, a quantia foi considerada insuficiente pelas ONGs, que entraram com um recurso pedindo juros e correção monetária a partir da data de citação e não da decisão.
Para o advogado da gravadora, Raul Gravatá, há uma preciptação na decisão do Tribunal. "Existe uma súmula que prevê que os juros são contados a partir da data de citação do processo até o pagamento. Já a correção monetária é fixada no momento da aprovação da decisão", afirma.
Música não teve intenção de ofender, diz gravadora
Música de Tiririca é alvo de processo judicial (Foto: Reprodução / GloboNews)Cantor foi o deputado federal mais votado nas
eleições de 2010 (Foto: Reprodução / GloboNews)
Segundo o advogado de defesa das ONGs, Humberto Adami, a música, do álbum "Tiririca", lançado em 1997, provocou a ira de muitas mulheres. “Elas ficaram ofendidas e ultrajadas com essa música”, conta.
Para o representante da Sony Music, a música em nenhum momento teve a intenção de ofender as mulheres. "Ele usa o termo nega para fazer uma alusão à própria mulher dele. O termo é usado pelos brasileiros não só para mulheres negras como brancas também", explica Gravatá.

Avanço no tratamento de questões raciais
Para Adami, a decisão de corrigir o valor da indenização mostra um avanço no julgamento desse tipo de ação. Para ele, questões raciais ainda não são tratadas como deveriam ser.

“Essa decisão é uma mensagem direta para mostrar como a questão da desigualdade racial deve ser tratada. É um momento de se comemorar. A indenização não vai nem para os autores da ação. O dinheiro vai para o Fundo de Direitos Difusos do Ministério da Justiça”, disse o advogado.

O RACISMO FEDE

O RACISMO FEDE - ANCELMO GÓIS - O GLOBO

A 16 Câmara Cível do Rio condenou a Sony a pagar R$ 300 mil mais correção (cerca de R$ 1,2 milhão no total ) ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos numa causa do movimento negro e do advogado Humberto Adami. A sentença se refere a um caso em que Tiririca cantava num CD de 1996 que mulher negra “fede como gambá”.

http://www.mccomunicacao.com.br/mc/cliente/copelportal/clipping/materia.asp?codmateria=15919958&codpasta=TELECOMUNICA%C7%D5ES&codmeio=JORNAL

Sony condenada em ação de CRIOLA E mulheres negras, que "fediam que nem Gambá", em musica de Tiririca

Sony condenada em ação de CRIOLA e entidades de mulheres negras, que "fediam que nem Gambá", em  musica de Tiririca

Proc TJ RJ 00327912519978190001

Autora: Criola e outras; Ré: Sony

Processo do caso do cantor Tiririca em que fala que as mulheres negras fedem que nem Gambá.

A decisão de hoje condena a 300 mil de reparação, mais correcao monetária e juros, DESDE A CITAÇÃO, dando razão ao  recurso das entidades do Movimento Negro, defendidas pelo escritorio  Adami Advogados Associados, e pelo advogado Humberto Adami, que acaba de deixar a Ouvidoria da SEPPIR.

A conta sobe para 1 milhão e 200 mil, o que ainda é baixo se comparado ao dano moral de um cheque sem fundo, por exemplo.

O dinheiro vai para o Fundo de Direitos Difusos, das ações civis públicas. .

http://www.tjrj.jus.br/scripts/weblink.mgw?MGWLPN=DIGITAL1A&PGM=WEBPCNU88&PORTAL=1&LAB=CONxWEB&N=201000161223&control=0&SEG=&Consulta=


Humberto Adami

segunda-feira, 28 de março de 2011

Começa debate sobre Estatuto da Igualdade Racial



COMISSÕES / DIREITOS HUMANOS
28/03/2011 - 10h22
Começa debate sobre Estatuto da Igualdade Racial 
Ainda existe muito preconceito entre os brasileiros, apesar da criação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepir) e da promulgação do Estatuto da Igualdade Racial. A avaliação foi feita, nesta segunda-feira (28), pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), senador Paulo Paim (PT-RS), antes da audiência que vai discutir o assunto.
- É uma pequena melhora a partir da criação da Sepir, mas há casos de preconceito que são inaceitáveis - disse Paim, ao informar que o Estatuto ainda precisa ser regulamentado.
A audiência na CDH, requerida por Paim, discute o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/10) e os oito anos de criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
- Os fatos estão acontecendo e temos que nos manifestar - ressaltou Paim.
Participam do debate com os senadores a ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros; o deputado Edson Santos de Souza (PT-RJ); a presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araújo; e a coordenadora de Combate ao Racismo e à Discriminação Racial da Unesco, Edna Maria Santos Roland;
Também participam da audiência o diretor da Associação dos Advogados do Banco do Brasil (ASABB), Humberto Adami Santos Junior; o coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Fernando Inocêncio da Silva; o coordenador da Educafro Brasília, Fernando Benicio dos Santos; e a assistente social Matilde Ribeiro.
A audiência acontece na sala 2 da Ala Nilo Coelho.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Movimento negro condena racismo contra Barbosa


Movimento negro condena racismo contra Barbosa

Pedido de desculpas de Júlio Campos (DEM-MT), que chamou ministro do STF de ''ilustre moreno escuro'', não evitou desconforto de entidade e de negros

Quinta, 24 de Março de 2011, 00h00
Ed Ferreira/AE-16/3/2011
Movimento negro condena racismo contra Barbosa
Ícone. Joaquim Barbosa, único ministro negro do STF: 'Falta de apoio e perseguição oculta'
Roberto Almeida
Representantes do movimento negro criticaram ontem a maneira como o deputado Júlio Campos (DEM-MT) se referiu ao ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamando-o de "ilustre ministro moreno escuro". O caso ocorreu anteontem durante reunião da bancada do DEM. Em nota, o deputado pediu desculpas.

Contudo, mesmo com a retratação do parlamentar, a situação gerou desconforto entre membros do movimento, já que Barbosa é considerado um ícone por ter chegado à Corte Suprema e ter se assumido "verdadeiramente negro".

"Parece ser impossível um País que deixa o povo 388 anos escravizado e, em seguida, excluído de seus direitos básicos, estar preparado para respeitar o negro", afirmou Frei Davi Santos, da ONG Educafro.

Segundo o dirigente, a situação criada pelo parlamentar deve mobilizar a sociedade a refletir sobre a presença negra nos três Poderes. "Quantos juízes negros nós temos, quantos governadores, quantos deputados federais?", questiona. "Para mim, ele (Campos) é vítima da sociedade. A sociedade levou-o a tratar mal o negro."

O advogado recém-formado Julio César de Oliveira, também ligado ao movimento negro, trata Joaquim Barbosa como referência para sua carreira e vê a declaração de Campos como uma afronta. "Uma punição não apagaria a mancha que (o deputado) deixou", disse.

Oliveira relembrou uma visita do ministro à universidade que cursava, em Franca (SP), há dois anos. "Ele contou que sentiu falta de apoio e perseguição oculta. Disse que quem praticava o racismo eram as instituições. Eu concordei plenamente", observou.

O diretor da ONG Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), Humberto Adami, considera o caso já superado com o pedido de desculpas e credita a declaração à "pouca presença negra no governo". "Eles não estão nesses lugares, a ponto de um deputado ficar tão impressionado com a cor da pele", observou. O ministro Joaquim Barbosa não se manifestou.

terça-feira, 22 de março de 2011

BOCÃO NEWS - Olívia Santana emplaca indicação na Seppir

BOCÃO NEWS
Olívia Santana emplaca indicação na Seppir Autor: Redação Bocão News
O advogado Carlos Alberto Júnior foi nomeado ouvidor-geral da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Ele vai trabalhar diretamente com a ministra Luiza Bairros no núcleo cuja função básica é “receber denúncias de racismo e discriminação racial e encaminhá-las aos órgãos responsáveis nas esferas federal, estaduais e municipais”. Carlos Alberto foi assessor jurídico da vereadora Olívia Santana (PCdoB), que o indicou para o cargo. O grupo político espera que a ouvidoria-geral não seja apenas uma estrutura burocrática do governo federal. A expectativa é transformá-la num canal aberto com toda a sociedade para, de fato, promover a promoção da igualdade.
http://www.bocaonews.com.br/index.php?menu=noticia&COD_NOTICIA=9382

quarta-feira, 16 de março de 2011

MISSAO CUMPRIDA - DESPEDIDA DA OUVIDORIA DA SEPPIR


Caros e Caras

Despeço-me hoje do honroso cargo de Ouvidor da SEPPIR, a Secretaria de Políticas da Igualdade Racial, da Presidência da República, cargo que exerci por quase dois anos, com a certeza da missão cumprida.

A experiência foi incomparável a qualquer das minhas anteriores, quer no setor público, quer no setor privado.

Sou hoje, graças a esse convívio e trabalho, uma pessoa melhor, um melhor advogado.

Nesse meio tempo, pudemos fazer uma grande diferença na vida de muitas pessoas, afrodescendentes em sua maioria.

A Ouvidoria da SEPPIR trilhou caminhos inéditos e soube levar a voz dos excluídos e discriminados a lugares jamais frequentados, muitos de repercussão nacional nos presentes dias. Outros ainda virão. O "Balanço da Ouvidoria" a ser publicado proximamente no website da SEPPIR dará mais informações.

Através deste presto contas ao Movimento Negro brasileiro do trabalho empreendido neste período, onde grandes foram as vitórias, e largos os passos dados no sentido do combate diário ao racismo e discriminação racial.

Tenho certeza que contribuímos para a concretização do ideal de igualdade racial, no Brasil e no mundo, ideal ao qual estarei permanentemente ligado.

Agradeço aos servidores da SEPPIR o empenho e carinho que sempre me dedicaram, e em especial, à pequena equipe da Ouvidoria, composta de servidora e estagiário(a)s, que sempre agiram com garra e denodo na defesa dos fins de existência da secretaria, conquistando reconhecimento em todo o Brasil.

Ao novo Ouvidor, meu desejo de sucesso.

Agradeço, ainda, o privilégio de ter trabalhado diretamente com três Ministros de Estado, respectivamente Deputado Edson Santos, Ministro Elói Ferreira de Araújo, e Ministra Luiza Bairros.

A esta última, e toda a novel equipe, desejo sucesso na continuação da luta de combate ao racismo e implementação de políticas públicas para tal fim.

Deixo a todos meu email humbertoadami@gmail.com  para eventual contato.

HUMBERTO ADAMI SANTOS JR.

segunda-feira, 14 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

Monteiro Lobato sem fantasia - Ronaldo Pelli


03/03/2011Diminuir tamanho da letra

Monteiro Lobato sem fantasia
Criador do Sítio do Picapau Amarelo é acusado novamente de racismo, após aparecer em desenho de Ziraldo ao lado de mulata
Ronaldo Pelli
“Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. (...) Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problemas terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!” (publicado em "A barca de Gleyre". São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133)

Assim Monteiro Lobato se dirigiu em carta ao amigo Godofredo Rangel, em 1908, após ter avistado na antiga Rua Larga, atual Marechal Floriano no Centro do Rio, diversos trabalhadores a caminho do trem para voltar às suas casas. É esse Lobato racista, eugenista e bastante polêmico – até para a própria época – que a escritora Ana Maria Gonçalves enxergou ao fazer uma extensa crítica a Ziraldo por ter retratado o escritor ao lado de uma mulata na camisa de um bloco de carnaval carioca de sugestivo nome: “Que merda é essa?”.

O tema do desfile do bloco, “Proibido proibir”, faz referência a um episódio anterior – que também mereceu bastante repercussão – envolvendo o criador do Sítio do Pica-pau Amarelo. No fim do ano passado, o Conselho Nacional de Educação emitiu um parecer em que sugeria que o livro “Caçadas de Pedrinho” fosse distribuído para as escolas públicas do país com uma advertência que contextualizasse historicamente algumas passagens interpretadas como racistas. A recomendação, que nem chegou a se concretizar, já que o Ministério da Educação não homologou o parecer, foi interpretada por muita gente como uma espécie de censura a obra de Lobato.


Na carta aberta a Ziraldo, a autora de “Um defeito de cor” - que narra a história de uma velha africana em viagem ao Brasil, dentro do contexto da formação do povo brasileiro - colhe trechos de cartas de Lobato que mostram como o criador de Narizinho, Visconde de Sabugosa e Emília se portava com bastante racismo. Como quando elogia organizações americanas que pregam a discriminação desejando que tivesse algo parecido no Brasil: “País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan é país perdido para altos destinos”, escreve ao amigo Arthur Neiva, em 1928, de Nova York.

A carta de Ana Maria Gonçalves deu repercussão: saiu nos jornais de grande circulação, recebeu diversas críticas, incentivou um pequeno protesto ao ensaio do bloco, foi comentada por outros escritores em outros blogs. A escritora se mostrou surpresa com o tamanho do barulho, mas não com o teor das posições.

“Os contrários aos argumentos da carta estão apenas reagindo, não estão trazendo nenhum argumento novo para a discussão”, escreve ela por e-mail. “A informação de que Monteiro Lobato era eugenista e racista, e que em carta para o amigo Godofredo Rangel confessou fazer uso da própria literatura para propagar essas ideias, precisa ser parte da discussão.”

Voltando à origem de toda polêmica, ela diz ser grave a entrega de livros de Lobato a crianças pequenas, dizendo que tais obras estariam “contaminadas” com o racismo.

“Quem não quer colocar tudo isso em questão, sejam quais forem seus interesses, está contribuindo para a propagação e manutenção do racismo na sociedade brasileira.”

O também escritor Alex Castro, que está terminando um doutorado em literatura com ênfase em história, abordando a escravidão na literatura brasileira do século XIX, ecoa a carta de Ana Maria. Ele concorda que a questão da eugenia está dentro da proposta literária de Lobato. Todavia, propõe que a discussão não se atenha à pessoa física do escritor, mas que pensemos a sociedade e como ela se comporta frente ao problema da discriminação.

“O racismo não é um problema individual, mas sistêmico e estrutural da nossa sociedade”, postou em seu blog, “Liberal, Libertário, Libertino”. “Entrar na discussão caça-às-bruxas de apontar quem é ou não racista é fazer o jogo de quem quer esvaziar esse debate. Afinal, se o racismo for culpa de um ou outro racista que pode ser encontrado, apontado, morto, censurado, reeducado, então o problema não é estrutural da nossa sociedade, mas individual dessas pessoas.”

Já Ziraldo se defendeu explicando que, com o seu desenho, apenas quis terminar com a controvérsia.

"Para acabar com a polêmica, coloquei o Monteiro Lobato sambando com uma mulata. Ele tem um conto sobre uma neguinha que é uma maravilha. Racismo tem ódio. Racismo sem ódio não é racismo. A ideia é acabar com essa brincadeira de achar que a gente é racista", afirmou.

A carta-aberta de Ana Maria Gonçalves recebeu críticas ainda por ter se referido a um elemento do carnaval, no caso, os blocos. Alguns comentários sugerem que em época de folia, os limites são mais flexíveis.

“Carnaval é festa do inusitado, momento da liberação. Não cabe ter conotação política nem ser censurado desta forma”, disse ao jornal “O Globo” Hiram Araújo, pesquisador e autor do livro "Carnaval: seis milênios de história".

O jornalista Arnaldo Bloch, que também mostrou trechos dessas mesmas cartas de Lobato no mesmo periódico, afirma no texto introdutório que “desautorizar os foliões (...) é uma estupidez”.

A autora combate a ideia, porém, de uma liberalidade excessiva durante o período. Para ela, as críticas veiculadas “continuam insistindo na censura, na defesa de Lobato, no deboche ao ‘politicamente correto’ e na ideia de que no carnaval pode tudo, inclusive ignorar a dor de alguns e a longa luta de combate ao racismo nesse país”.

Não é a primeira vez que Lobato é alvo de pesadas críticas. “Há tons autoritários e preconceituosos nas narrativas que criaram os personagens Jeca Tatu e Zé Brasil”, escreve o professor Antonio Luigi Negro, em artigo publicado em outubro de 2009 na “Revista de História da Biblioteca Nacional”. Para ele, os personagens de Monteiro Lobato são salvos da preguiça e da ignorância pela doutorice do autor.
“Os estrangeiros eram, na opinião de Lobato, de ‘raça mais apta’ para progredir e enriquecer. Enquanto isso, o negro, o ‘fator secular da movimentação agrícola’, depois que se viu sem o providencial ‘chicote espevitador dos seus brios’, era um peso morto, uma ‘quantidade negativa’. O resultado disso tudo era: quem fosse brasileiro e não pudesse ser doutor, que se assumisse como indolente.”

Aparentemente, Lobato ainda será tema de muito debate pela frente.

http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=3678