sábado, 7 de novembro de 2009 às
15:25 | Postado por Heli Fidelis
Histórico das fotos: Foto 01- Antes do início da Conferência, o presidente da Câmara Hélio Ferraz Baiano esteve reunido em seu gabinete com diversas lideranças apoiadas pelo vereador Neivaldo Lima, para juntos deliberarem o teor de um documento (texto substituitivo) que trata-se da promulgação do Feriado Municipal do dia 20 de Novembro. Foto 02 - Assim que chegou ao plenário Dr. Humberto entregou ao Prof. Guimes diversos exemplares de livros para serem distribuidos às lideranças e autoridades. Foto 03 - A composição da mesa directora da conferência neste ângulo, da esquerda para a direita, o titular da cadeira de Física da UFU Prof. Guimes Rodrigues, no centro o conferencista Ouvidor da SEPPIR Dr. Humberto Adami Santos Júnior, e a sua direita o presidente e anfitrião Hélio Ferraz Baiano.
O Ouvidor da SEPPIR - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Advogado Dr. Humberto Adami Santos Júnior, esteve em Uberlândia no último fim de semana (conforme registro no conteúdo deste blog), atendendo convite da Câmara Municipal de Uberlândia, onde proferiu Conferência na manhã da sexta-feira, dia 06 de novembro de 2009, para um expressivo número de lideranças de órgãos representativos como Movimentos Negros, OAB, NEAB-UFU, Agentes Culturais, CEC e outros, com base no Tema : A Lei 10.639/2003, e o Estado Democrático. O Ouvidor acabou se tornando o ícone de abertura oficial do Mês da Consciência Negra local.
A presença do Dr. Adami foi extremamente oportuna para o fortalecimento da luta para declarar 20 de Novembro Feriado Municipal, um antigo debate que já se arrasta à décadas e que leva a rubrica dos Movimentos Organizados, que sempre receberam como resposta, "que não tem como criar mais um feriado porque já existem muitos com todas as datas que foram disponibilizadas foram ocupadas". Na verdade um a grande falta de vontade política que trata 48 por cento da população com descaso, desrespeito e preconceito, isto porque a data vai reverenciar a lembrança de um negro!
Esta discussão ganhou uma nova energia depois de uma acção do Vereador Neivaldo Lima (PT) conjuntamente com vários sectores organizados da sociedade afro-brasileira. Dezenas de líderes de inúmeras agremiações sócio-política e cultural foram até a Câmara prestigiar o Ouvidor Dr. Humberto Adami, que acabou aplaudido e ovacionado de pé após demonstração de seu vasto conhecimento sobre as questões que norteiam a agenda de luta do negro.
O pronunciamento do Dr. Humberto Adami, foi dividido por vários capítulos que envolvem o cotidiano da sociedade afro, directos e indirectamente. Entre tantos, a reserva de vagas feitas por meio do conceito do maior valor, ou meritocrático. Caso típico em Brasília onde pessoas claras com menos tempo de escolas do que negros, ocupam os espaços nas instituições públicas (empresas estatais). Nesse aspecto a disparidade ainda é maior na ocupação de cargos nos altos escalões do: Itamarati, Forças Armadas e Marinha. Nos bancos privados existem apenas 2% de negros trabalhando.
Dr. Humberto lembrou da parte mais cruel do racismo impregnado na sociedade, "quando é anunciado pelo Estado qualquer benefício em forma de reparação em prol do negro por meio das políticas de acção afirmativa, a sociedade branca se levanta contra, como se tudo lhes pertencesse. O Ouvidor disse que está viajando por todo o País em nome do governo para cobrar o cumprimento da lei, e para isso não vai medir esforços, se for possível vai utilizar-se do Poder Judiciário através do Ministério Público, visando a garantia do pluralismo cultural com a efectivação da Lei. Para acabar com esta inércia das instâncias públicas e também da esfera privada na adopção do que já fora garantido por Lei, e tem que ser cumprida. Para que estas acções sejam concluídas, CONVOCA a população negra para promover uma mobilização nacional no entorno da questão pressionando as três esferas de governo: União, Estado e Município.
Em síntese a Conferência proferida pelo Ouvidor Dr. Humberto Adami atingiu o objectivo do poder legislativo e em especial à militáncia que continua em estado de alerta. Entre os vários assuntos abordados por Adami, prescritos no Estatuto da Igualdade Racial, incomodam a sociedade grileira, ladifundiária e posse ira, que lutam contra a demarcação e titulação de terras aos Quilombolas. Um exemplo desse xenofobismo ficou gravado nas declarações do deputado Luiz Carlos Henze (PP-RS), e que não deve ser esquecida pela população negra: "A regularização de terras de descendentes de quilombolas representa "mais um entulho que querem trazer para os produtores rurais". Concluiu.
Dr. Humberto ilustrou sua fala com alguns exemplos de racismo que estão colocando uma saia justa na justiça, porque vão ter que cumprir a lei. Entre tantos, o caso do vídeo de uma médica dando piti no aeroporto de Santa Maria em Aracajú. Depois de chegar atrasada para o check-in e perder a viagem a "cidadã" fez um escândalo ao agredir moralmente um cidadão negro funcionário do aeroporto. A cena deplorável foi gravada por um celular e colocado na Internet. O vídeo está no YouTube e já recebeu mais de 45 mil acessos.
http://helifidelis.blogspot.com/2009/11/ouvidor-alem-de-mostrar-caminhos-foi.html