quinta-feira, 16 de março de 2017

Documentário exibido na OAB é seguido de debate sobre escravidão contemporânea - Humberto Adami

http://www.oab.org.br/noticia/54871/documentario-exibido-na-oab-e-seguido-de-debate-sobre-escravidao-contemporanea

Documentário exibido na OAB é seguido de debate sobre escravidão contemporânea
   
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Eugênio Novaes
segunda-feira, 13 de março de 2017 às 20h11
Brasília – O documentário “Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil” foi exibido nesta segunda-feira (13) na sede do Conselho Federal da OAB como tema de objeto de debate e estudo sobre a escravidão no Brasil, principalmente em suas formas contemporâneas. O presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, Humberto Adami, conduziu os trabalhos.
Além dele, mediaram o debate sobre o tema central do filme a presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB Paraná, Silvana Cristina de Oliveira; o coordenador do curso de Direito da Faciplac, João de Deus Alves de Lima; o representante da mantenedora da Faciplac, Marcio Pereira Dias; a produtora de impacto do filme, Rossana Giesteira; a professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Jaqueline Gomes; e o professor representante do Colégio Leonardo da Vinci, Djalma Augusto.
A sessão, que contou com advogadas, advogados, ativistas do movimento afrodescendentes e diversos estudantes, teve início com uma apresentação do Grupo Senzala de Capoeira, do mestre Amendoim. Em seguida, foi exibido o documentário.  
“O filme retrata uma realidade de 1933 comum a todos os mais de 5.643 municípios brasileiros. Ainda hoje ele é bastante atual porque, infelizmente, sabemos que a escravidão deixou seus resquícios de forma marcante na nossa sociedade. É preciso mostrar a história dos afrodescendentes, que foi apagada, que se procura esconder. Ao instigarmos isso, estamos de certa forma reparando esse horror histórico que é a escravidão pós-abolição, na forma deste neonazismo que veremos no filme”, apontou Adami.
Debate
Após a exibição do documentário, teve início uma rodada de reflexões. Para o educador Marcio Pereira Dias, um tema de tamanha complexidade requer mais oportunidades de abordagem. “Não pensem nossos acadêmicos e demais estudantes presentes que a realidade do filme não nos atinge. Está muito mais próxima do que imaginamos e enxergamos. É algo nascido lá atrás mas que se perpetuou. O papel do operador do Direito, mais do que nunca, é o de não se omitir jamais frente a um panorama como este. O passado não pode se apropriar do futuro”, apontou.
A presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB Paraná, Silvana Cristina de Oliveira, falou em seguida. “Na condição feminina, imagino o que as mulheres passavam nessa época. Mulheres negras, então, é algo inimaginável. O debate precisa ser levado adiante”, observou. 
João de Deus Alves de Lima, coordenador do curso de Direito da Faciplac, lembrou que a realidade não pode passar despercebida. “O que vimos no filme é duro e triste, mas aflora em nós o compromisso e a responsabilidade de atuarmos como agentes diretos de transformação social. Seja pela ação concreta ou pela denúncia, o papel de cada cidadão é o de não permitir que isso aconteça”, disse.
Djalma Augusto, do colégio Leonardo da Vinci, também fez o uso da palavra. “Abrimos inscrições para que os alunos assistissem ao filme e muitos vieram. Mas se eu soubesse que era uma obra causadora de tamanha reflexão, eu teria lotado esse auditório só com eles. Este documentário é uma fonte ímpar e única de estudo para o historiador, para o estudante, para quem se interessa pelo resgate da história da maior injustiça social brasileira. Nossa caminhada foi muito mal contada”, lamentou.
O documentário
“Menino 23”, do diretor Belisário Franca, conta a história de garotos negros escravizados durantes 10 anos por fazendeiros ligados ao movimento nazista no interior de São Paulo, na década de 1930.
O diretor chegou à história por meio de pesquisa do historiador Sydney Aguilar, que descobriu uma fazenda que utilizava o símbolo nazista da suástica em tijolos de construção. A pesquisa mostrou que cerca de 50 meninos foram tirados de orfanatos no Rio de Janeiro e levados para a fazenda. O título refere-se a Aloisio Silva, um dos sobreviventes.
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