terça-feira, 16 de setembro de 2014

Relatório da ONU diz que Brasil tem racismo institucional



Relatório da ONU diz que Brasil tem racismo institucional

'Hierarquias raciais são culturalmente aceitas', diz relatório.
Relatoras independentes visitaram o país em dezembro do ano passado.

Do G1, em São Paulo
O Brasil não pode ser chamado de democracia racial, mas é caracterizado por um "racismo institucional, em que hierarquias raciais são culturalmente aceitas", segundo estudo publicado no dia 4 de setembro e que deverá ser aprovado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU no dia 23 de setembro.
O documento foi produzido por Mireille Fanon-Mendes France e Maya Sahli, duas relatoras independentes escolhidas pela ONU, que visitaram o país entre 4 e 14 de dezembro do ano passado. Elas se reuniram com autoridades do governo em Brasília, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo o documento, a participação dos afrodescendentes na economia nacional é de apenas 20% do PIB, apesar de representarem mais da metade da população do Brasil. O desemprego é 50% maior entre os "afro-brasileiros" do que entre os descendentes de europeus, enquanto a média salarial entre os afrodescendentes é de US$ 466, quase metade dos US$ 860 dos descendentes de europeus.
"O racismo permeia todas as áreas da vida, no entanto, tem sido difícil aos afro-brasileiros para levantar e discutir o assunto" já que ainda existe o "mito da decodracia racial" no país, diz o relatório. "Isso é frequentemente usado por políticos conservadores para descreditar ações afirmativas e políticas e leis direcionadas (aos afrodescendentes)", acrescenta.
As relatoras também afirmam que notaram que o círculo de pobreza, habitação e educação inadequadas, oportunidades de emprego limitadas e desafios da justiça "continuam a afetar as vidas de afro-brasileiros em múltiplos níveis e os deixam marginalizados". Segundo o documento, "a educação ainda é uma das maiores áreas de discriminação e uma das principais fontes de desigualdade".
O relatório também conclui que uma lei que incrimine o racismo é um passo bem vindo para a luta contra o racismo a grupos marginalizados. "É importante que essa lei seja implementada completamente", afirma.
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