sábado, 22 de março de 2014

Debate vai discutir discriminação racial. É dia 25, no Sindicato


Brasília Debate vai discutir discriminação racial. É dia 25, no SindicatoImprimirE-mail
Sex, 07 de Março de 2014

cartaz brasilia-DISCRIMINAÇÃO-RACIAL

Apesar de 50,7% da população brasileira ser negra ou parda, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda são recorrentes manifestações de racismo. 

Mais recentemente, três episódios ganharam as manchetes de jornal e reacenderam o debate em torno do assunto: o da australiana Louise Stefany, presa em Brasília no dia 14 de fevereiro depois de insultar e se recusar a fazer as unhas com uma manicure negra; o do ator negro Vinícius Romão, preso por engano por ser suspeito de assaltar uma mulher; e o caso do jogador Tinga, do Cruzeiro, que foi alvo de ataques racistas da torcida do time peruano Real Garcilaso, durante partida da Copa Libertadores. 

 “Os negros se libertaram da escravidão, mas é vergonhoso e lastimável termos que admitir que, em pleno século 21, com todos os avanços que a sociedade experimentou, eles ainda vivem sob o julgo do preconceito e da discriminação, com todas as consequências que isso implica”, afirma Eduardo Araújo, presidente do Sindicato. “Nesse contexto, é preciso ações mais efetivas de combate à violência e ao preconceito, e pela promoção da igualdade de oportunidades, entre outras iniciativas”.

Para contribuir com essa discussão, o Sindicato promove no próximo dia 25, no Teatro dos Bancários (EQS 314/315), edição do Brasília Debate sobre discriminação racial, que marcará o 21 de Março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Na pauta, quilombolas, cotas raciais, estatuto da igualdade racial e a lei federal que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos da Educação Básica (Lei10.639/2003). A programação completa será divulgada em breve.     

A data – 21 de Março - lembra o massacre de dezenas de mulheres e crianças, a tiros, por policiais durante o regime do apartheid, no bairro Shaperville, em Johannesburg, capital da África do Sul. Isso ocorreu em 1960, durante os protestos pacíficos contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a andar com cartões de identificação que estabeleciam os limites entre os locais de acesso permitido e as zonas proibidas.  

O preconceito em números

Muitas décadas se passaram desde o massacre de Johannesburg, que se tornou símbolo da luta pela igualdade, mas a realidade do negro ainda é marcada pela discriminação. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre racismo no Brasil mostra que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. A estatística demonstra que as maiores vítimas de homicídios no Brasil são homens jovens e negros, numa proporção 135% maior do que os não negros: enquanto a taxa de homicídios de negros é de 36,5 por 100 mil habitantes, no caso de brancos, a relação é de 15,5 por 100 mil habitantes.  

No mercado de trabalho isso não é diferente. Segundo o estudo do Ipea, apesar de os negros ocuparem 47% dos empregos no setor público, o que equivale a quase metade das vagas existentes, a presença dessa parcela da população é muito reduzida nas carreiras mais valorizadas, como a de diplomatas, de auditores da Receita Federal e de advogados da União.

A análise do Ipea foi feita a partir do projeto de lei em análise na Câmara dos Deputados que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos federais (PL 6738/13). A regra vai valer para concursos da administração pública, das autarquias, das fundações, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pelo governo federal.  

Discriminação também nos bancos

Nos bancos, a discriminação também é visível. Segundo a própria Fenaban, apenas 19% dos bancários são negros. E mesmo assim, eles não estão no alto escalão. “É raro vermos negros ocupando postos nas diretorias das instituições financeiras”, denuncia Eduardo Araújo, presidente do Sindicato. “Na outra ponta, em postos de atendimento, também não são vistos. Paradoxalmente, os bancos se defendem dizendo que os negros não são alocados para atender a clientela justamente para evitar manifestações de preconceito, o que é um absurdo, pois não se resolve um problema empurrando-o para debaixo do tapete”.

 

Renato Alves
Do Seeb Brasília

 

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