quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Monólogo em Paris conta história da primeira mulher a testemunhar sobre escravidão




Monólogo em Paris conta história da primeira mulher a testemunhar sobre escravidão
Cartaz do espetáculo Mary Prince
Cartaz do espetáculo Mary Prince
Divulgação
Kênya Zanatta
No programa desta semana, e uma atriz martinicana que encarna no palco a primeira mulher a testemunhar sobre os horrores da escravidão, uma mostra sobre o fascínio dos artistas do início do século 20 pela mecanização da vida moderna e a Semana Mozart em Salzburgo, que comemora o aniversário do compositor com um programa de óperas e concertos sinfônicos. Clique em "Ouvir" para conferir o Agenda Europa completo.
Vencedor do Globo de Ouro na categoria melhor drama e forte concorrente ao Oscar, o filme "12 Anos de Escravidão", de Steve McQueen, é baseado na história real de um negro nascido livre que é vendido como escravo no sul dos Estados Unidos.
A história é ambientada no período que antecede a Guerra de Secessão, mas levanta questões atualíssimas sobre o quanto esse passado que muita gente teima em esquecer determina as relações raciais na sociedade americana. Uma reflexão que também deve interessar os brasileiros e até os franceses, que não hesitaram em usar o trabalho escravo em suas colônias nas Antilhas.
Não existem relatos de escravos do Caribe francófono. Em compensação, centenas de escravos emancipados publicaram suas memórias nos Estados Unidos e na Inglaterra. A atriz martinicana Souria Adèle acaba de estrear em Paris um monólogo baseado no primeiro testemunho de uma mulher sobre a escravidão. Nascida nas Bermudas e vendidas aos doze anos de idade, Mary Prince publicou seu relato em 1831, antes da abolição da escravidão nas colônias britânicas.
"Esse texto não é uma acusação contra os brancos, é o testemunho de uma pessoa que viveu a escravidão. Na minha opinião, ela tinha uma resistência incrível, porque a duração da vida de um escravo era de sete anos.Ou seja, era um lento genocídio. Os donos deixavam as pessoas morrerem porque sabiam que podiam conseguir mais carne humana fresca na África", comentou a atriz em entrevista à RFI.
"Nós somos responsáveis pelo que acontece atualmente, e podemos decidir se queremos ouvir esse tipo de testemunho. Eu não ouço atualmente a voz dos escravos. Dizem que o racismo é um problema. Mas se não educarmos as pessoas sobre a história, elas continuarão ignorantes", acrescentou Souria Adèle.
Mary Prince passou pelas mãos de vários proprietários. O último deles a levou para a Inglaterra, onde ela conseguiu se tornar livre, já que a escravidão não existia no Reino Unido. Mas seu combate não terminou aí. Mary Prince ainda teve que lutar para reencontrar seu marido nas Antilhas sem retornar à condição de escrava.
peça dirigida por Alex Descas fica em cartaz no teatro da Manufacture des Abbesses até 22 de março. Já o filme "12 Anos de Escravidão" estreia no Brasil em 28 de fevereiro.
Fascínio pelas máquinas
O museu Moderna de Estocolmo inaugura na próxima quarta-feira (22) uma exposição centrada de um lado no fascínio dos artistas modernistas pelas máquinas e pela mecanização da vida cotidiana; e de outro lado no terabalho do Kraftwerk, grupo pioneiro da música eletrônica nos anos 70 que explora a relação entre o homem e a máquina em projetos multidisciplinares.
Na mostra estão desde obras do pintor francês Fernand Léger, que tentava aplicar em sua arte os princípios industriais de organização, ritmo e eficiência, até o filme "Tempos Modernos", no qual Charles Chaplin denuncia a alienação dos trabalhadores submetidos à cadência infernal da linha de montagem.
Na música, a banda alemã Kraftwerk usa sons sintéticos, a monotonia dos ritmos industriais e imagens em 3D, criando uma verdadeira trilha sonora para o mundo digitalizado do século 21.
A exposição fica em cartaz até 27 de abril. O Kraftwerk faz shows na capital sueca de 21 a 23 de janeiro.
Música lírica
Semana Mozart é organizada todo ano em Salzburgo, na Áustria, para comemorar o aniversário do compositor, nascido em 27 de janeiro. Dedicado essencialmente ao repertório mozartiano, o programa tem óperas, concertos sinfônicos, música de câmara e solistas de prestígio.
Este ano o evento celebra também os 300 anos do nascimento do compositor Gluck apresentando sua revolucionária ópera "Orfeu e Eurídice", com direção musical do maestro francês Marc Minkowski. É ele quem coordena a Semana Mozart, que acontece de 23 de janeiro a 2 de fevereiro. Outros pontos altos incluem a Filarmônica de Viena, a Orquestra Barroca de Freiburg e a Orquestra de Câmara Escocesa.

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