domingo, 25 de novembro de 2012

Artigo: ‘Presidente do STF, Joaquim Barbosa’


Artigo: ‘Presidente do STF, Joaquim Barbosa’

Humberto Adami é advogado, mestre em Direito e diretor do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental

Publicado:
22/11/12 - 8h00
Atualizado:
22/11/12 - 8h00
O dia 22 de novembro de 2012 fica marcado como aquele em que Joaquim Barbosa se tornou o primeiro negro brasileiro a ocupar a presidência do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de nova Abolição, uma vez que, a partir do exemplo do ministro, muitos descendentes têm a exata noção de que “também podem”. O que nos faz lembrar a trajetória vitoriosa de Barack Obama, presidente reeleito dos Estados Unidos, e seu lema “Yes, we can” (Sim, nós podemos).
O ministro tem conseguido alavancar admiração e carinho. Aonde tem ido, há aglomeração, cumprimentos, emoção. Joaquim guiará o colegiado guardião da Constituição Federal, que é o papel do Supremo. Por seu histórico de vida, creio que a Corte ingressará num período intenso de trabalhos em marcha avançada à frente. Com sua posse, todos nos sentiremos um pouco presidentes do STF. E a comparação com a primeira eleição do ex-presidente Lula não é descabida. Os olhos do mundo se voltam para o Brasil, que admite existir racismo em seu território, mas vai ter um presidente negro no STF, o quarto na linha de sucessão da Presidência da República.
Para o Movimento Negro, esse dia levou uma eternidade para chegar. Muitos dedicaram suas vidas ao enfrentamento do racismo. Lembro Abdias do Nascimento, falecido há poucos anos, e sua lição de que “o debate é a vitória” no tocante à questão do negro no Brasil e aos resquícios da escravidão. É nesse espaço em que se inserem também Zumbi, Luiz Gama, Acayaba de Montezuma e ainda a figura de Joaquim Barbosa como brasileiros ilustres, afrodescendentes, que, com sua luta, suas ideias, suas forças, tornaram esse país melhor, na esperança de que um dia todos os brasileiros sejam realmente iguais, como afirmado na Constituição.
Quando a lei de História da África e Cultura Afro-brasileira for implementada em todos os níveis de ensino, o nome do ministro Joaquim Barbosa estará entre aqueles que trouxeram a figura do negro brasileiro, que até pouco tempo aparecia apenas nas páginas policiais dos grandes periódicos brasileiros, para as primeiras páginas dos mesmos, causando orgulho e admiração a toda a sociedade brasileira, por ali estar identificado um brasileiro, implacável nas regras de conduta e probidade. Daqui a 200 anos ainda vão falar de sua história e vida. As crianças negras têm um espelho dos valores de correção, honestidade e intransigência para com o errado e o malfeito.
É nesta emoção que vou me juntar aos milhares de brasileiros que comemoram e celebram a posse de Joaquim Barbosa e fazer parte da torcida organizada para que tudo dê certo em sua gestão nos próximos dois anos à frente do STF.
Humberto Adami é advogado, mestre em Direito e diretor do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental















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