Globo pode responder na Justiça por personagem em Zorra Total
Tuesday, 28 August 2012 19:21 Published in MÍDIAGanhar uma ação contra os herdeiros de Roberto Marinho não é nada fácil, mas as possibilidades são reais, e o advogado Humberto Adami está disposto a enfrentar: "É contra a Globo, e daí? Vivemos numa país democrático". Ele explica que Adelaíde é a única personagem a que pode se considerar negra no programa. Maquiada para escurecer a pele e alargar o nariz, ela é quase desdentada, e fica pedindo esmolas num vagão de metrô. Os possíveis doadores a recriminam por portar um tablet, celular e sustentar um marido com perfil de alcoólatra. "O ator dar a entender que ela pede dinheiro porque não quer trabalhar. Ao final, ficam culpando ela mesmo pela condição. É uma dor interna, que incomoda. Esse humor só serve para rebaixar".
O advogado está
 afiado com as armas jurídicas para entrar com um processo: "Isso é o 
que a jurisprudência qualifica como dano moral. Não é só proibir, o mas 
indicado é fazer a ação coletiva". A experiência de Adami está balizada 
por casos recentes que movimentaram a opinião pública brasileira. Ele já
 representou um coletivo de dez entidades de mulheres negras contra uma 
letra da gravada pela Sony do agora deputado federa Tiririca. Ao final a
 batalha foi vencida, e a Sony foi autuada a pagar uma indenização 
recorde de R$ 1,2 milhão. Humberto rememora que o caso começou com 
quatro entidades, e era acompanhado pelo procurador da República, e hoje
 ministro do STF, Joaquim Barbosa. Passado o tempo, Barbosa viajou para 
os Estados Unidos, e o relator disse que a Criola, organização 
impetrante, não exprimia o sentimento das mulheres negras. "O caso 
estava sem advogado, até que um judeu me alertou no fórum. Procurei a 
articulação de mulheres e o caso passou a caminhar"
Durante sua 
trajetória Adami teve passagem na ouvidoria da Secretaria de Políticas 
de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), e um dos questionamentos dos 
movimentos negros foi endereçado aos meios de comunicação devido a falta
 de espaço no debate das cotas raciais. Houve abertura inquérito via 
Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), e o ministro na
 época, Edson Santos, tinha entendimento de dar continuidade a ação, 
relata Humberto Adami: "Saíram críticas a ação de entidades como a ABI. 
Mas eles têm obedecer as leis do país, e a melhor forma disso acontecer é
 fazer ações de danos morais, onde ficam observadas as liberdades". No 
caso das peças publicitárias, como a da Devassa e as fraldas Turma da 
Mônica, o advogado diz que o Conselho Nacional de Autorregulamentação 
Publicitária (Conar) tem sido receptivo: "É importante que se faça esse 
tipo de denúncia. Eles não recebem demanda, não conhecem o tema".
Outro caminho 
defendido por Humberto Adami é o Estatuto da Igualdade Racial: "Muita 
gente critica o Estatuto, se não é o melhor, é o que temos e a 
conjuntura possibilitou. O Estatuto deveria ser mais exigido, e não só 
Seppir, mas todos os órgão "Pir" espalhados pelo País".
 
        
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