Desigualdades no país têm causa racial, diz secretário

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COMISSÕES - CDH
Edição de terça-feira 29 de março de 2011
Desigualdades no país têm causa racial, diz secretário
Em audiência na CDH, Mário Theodoro, da Secretaria da Igualdade Racial, afirma que em todas as políticas do governo é preciso considerar a discriminação como indicador

Paulo Paim (C) preside audiência da CDH que avaliou o Estatuto da Igualdade Racial e os oito anos de criação da Seppir
O secretário-executivo dE Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Mário Theodoro, disse ontem em audiência pública no Senado que a desigualdade social no Brasil deve-se a questões raciais. Para ele, que representou a ministra Luiza Bairros, as políticas de combate à desigualdade devem levar em conta a postura brasileira de separação entre negros e brancos.

— O Brasil é um país desigual socialmente, mas quando vamos abrir as estatísticas para ver que desigualdade é essa, verificamos que ela está justamente na clivagem [separação] entre negros e brancos — destacou durante o encontro promovido pela Comissão de Direitos Humanos (CDH), para avaliar os oito anos de criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/10).

Segundo Theodoro, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam a existência de duas sociedades brasileiras que vivem com qualidade e padrão de vida diferenciados.

Ele entende que o país ainda não implantou uma política efetiva para combater a desigualdade social porque não adotou medidas relacionadas a outras políticas, como o combate à discriminação racial. Theodoro disse que o racismo e a discriminação vêm desde a escravidão e, assim, a consequente desigualdade social tornou-se natural.

Nesse sentido, informou, a Seppir vai realizar ações em parceria com todos os ministérios para colocar a discriminação racial como indicador em todas as políticas do governo.

— Se não fizermos isso, não vamos tocar no cerne da nossa questão, que é a "naturalização" da desigualdade a partir de uma clivagem racial.
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