A falsa polêmica do CNE e Monteiro LobatoEnviado por luisnassif, qui, 04/11/2010 - 08:15Por Sonia Aranha Nassif e demais comentaristas Volto ao título da notícia Conselho de Educação quer banir livro de Monteiro Lobato das escolasveiculado pelo O Globo.com postado aqui pelo Edson Joanni. Em um primeiro momento quero dizer que dias atrás li o que havia sido postado no blog a respeito deste assunto e após fiz um comentário sendo contrária a suposta censura, mas depois li um outro post o do Allan Patrick que apresentava um artigo do blog de Sérgio Leo cujo título é O equivocado ataque ao MEC por causa do Monteiro Lobato. Enfim resolvi investigar direto na fonte e escrevi o texto abaixo: --------------------------------------------------------------------------- Caçadas de Pedrinho e o CNE, a falsa polêmica Anda circulando pela imprensa que o Conselho Nacional de Educação quer banir as aventuras do Sítio do Pica-pau Amarelo das salas de aula. Será que é isso mesmo que o CNE está preiteando ? Antes de uma análise ligeira e uma conclusão precipitada é importante que leiamos o Parecer CNE/CEB n°.15/2010 (aguardando homologação pelo Ministério de Educação), relatado por Nilma Lino Gomes, cujo assunto “orientações para que a Secretaria de Educação do Distrito Federal se abstenha de utilizar material que não se coadune com as políticas públicas para uma educação antirracista” foi originado em 30 de junho de 2010, por uma denúncia de autoria do Sr. Antônio Gomes da Costa Neto, mestrando da UNB cujos estudos concentram-se na área de Gênero, Raça/Etnia e Juventude, na linha de pesquisa em Educação das Relações Raciais. Histórico: o Sr. Antonio ao ler Caçadas de Pedrinho verificou que o conteúdo do livro é racista, sobretudo, no trato com a personagem Tia Nastácia. Diante desta constatação ele observou também que no livro (3ª edição, 1ª reimpressão, de 2009) já consta a nova ortografia de acordo com o Decreto nº 6.583/2008 e um texto de apresentação alertando os leitores sobre a época na qual o livro foi escrito em relação a lei que protege os animais silvestres. Concluiu que os editores tiveram cuidado de adaptar o livro (ortografia e problemas ambientais) ao novo contexto histórico, mas negligenciaram “em relação aos estereótipos raciais presentes na obra, mesmo que estejamos em um contexto no qual têm sido realizados uma série de estudos críticos que analisam o lugar do negro na literatura infantil, sobretudo, na obra de Monteiro Lobato e vivamos um momento de realização de políticas para a Educação das Relações Étnico-Raciais pelo MEC, Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.” (p.3 do Parecer) O solicitante , portanto, quer que a Secretaria de Educação do Distrito Federal se prive do uso do livro Caçada de Pedrinho, e de todos os demais que “contenham expressões de prática de racismo cultural, institucional ou individual na Educação Básica e na Educação Superior do Distrito Federal”. De modo que, o Sr. Antonio Gomes da Costa Neto encaminhou denúncia para a Ouvidoria da SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República - mas antes de ser protocolado no Conselho Nacional de Educação, a denúncia passou pela chefia de gabinete do Ministro da Educação, pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC) e ainda pelo Conselho Estadual do Distrito Federal, além da Coordenação Geral de Material Didático do MEC. Cada um desses órgãos ponderou a favor do solicitante sem ,no entanto, deixar de ressaltar a importância da leitura da obra com a supervisão do professor que saberá discutir os processos históricos que geram o racismo no Brasil. Desta forma o processo chegou até o CNE. O CNE à luz da legislação vigente : -Constituição Federal de 1988, que prevê no seu artigo 5º, inciso XLII, queü a prática do racismo é crime inafiançável e imprescritível. -Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), sãoü orientadas legalmente, tanto no artigo 26 quanto no artigo 26A (alterado pelas Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008), a implementarem nos currículos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio o estudo das contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente as matrizes indígena, africana e européia, assim como a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena -Diretrizes Curriculares Nacionais emanadas do Conselho Nacional deü Educação, tais como: o Parecer CNE/CP nº 3/2004 e a Resolução CNE/CP nº 1/2004, que instituem e regulamentam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. -Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais paraü a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, aprovado em 13 de maio de 2009, o qual apresenta atribuições elencadas por ente federativo, aos sistemas educacionais e instituições envolvidas, necessárias à implementação de uma educação adequada às relações étnico-raciais. E à luz dos estudos recentes sobre a representação do negro na literatura infantil :
Considerou que “ as ponderações feitas pelo Sr. Antônio Gomes da Costa Neto, conquanto cidadão e pesquisador das relações raciais, devem ser consideradas (…) coerentes . A partir delas, algumas ações deverão ser desencadeadas” (p.5 do Parecer): “a) a necessária indução de política pública pelo Governo do Distrito Federal junto às instituições do ensino superior – e aqui acrescenta-se, também, de Educação Básica – com vistas a formar professores que sejam capazes de lidar pedagogicamente e criticamente com o tipo de situação narrada pelo requerente, a saber, obras consideradas clássicas presentes na biblioteca das escolas que apresentem estereótipos raciais. (grifo meu – leia mais no Parecer aqui) b) cabe à Coordenação-Geral de Material Didático do MEC cumprir com os critérios por ela mesma estabelecidos na avaliação dos livros indicados para o PNBE, de que os mesmos primem pela ausência de preconceitos, estereótipos, não selecionando obras clássicas ou contemporâneas com tal teor; c) caso algumas das obras selecionadas pelos especialistas, e que componham o acervo do PNBE, ainda apresentem preconceitos e estereótipos, tais como aqueles que foram denunciados pelo Sr. Antônio Gomes Costa Neto e pela Ouvidoria da SEPPIR, a Coordenação-Geral de Material Didático e a Secretaria de Educação Básica do MEC deverão exigir da editora responsável pela publicação a inserção no texto de apresentação de uma nota explicativa e de esclarecimentos ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura Esta providência deverá ser solicitada em relação ao livro Caçadas de Pedrinho e deverá ser extensiva a todas as obras literárias que se encontrem em situação semelhante. (grifo meu– leia mais no Parecer aqui) d) a Secretaria de Educação do Distrito Federal deverá orientar as escolas a realizarem avaliação diagnóstica sobre a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, inserindo como um dos componentes desta avaliação a análise do acervo bibliográfico, literário e dos livros didáticos adotados pela escola, bem como das práticas pedagógicas voltadas para a diversidade étnico-racial dele decorrentes; e) que tais ações sejam realizadas como cumprimento do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (grifo meu– leia mais no Parecer aqui) “A literatura pode ser vista como uma das arenas mais sensíveis para que tomemos providências a fim de superar essa situação. Portanto, concordando com Marisa Lajolo (1998, p. 33) analisar a representação do negro na obra de Monteiro Lobato, além de contribuir para um conhecimento maior deste grande escritor brasileiro, pode renovar os olhares com que se olham os sempre delicados laços que enlaçam literatura e sociedade, história e literatura, literatura e política e similares binômios que tentam dar conta do que, na página literária, fica entre seu aquém e seu além” O Parecer termina constatando a necessidade de “formulação de orientações mais específicas às escolas da Educação Básica e aos sistemas de ensino na implementação da obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos. Estas deverão ser formuladas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Portanto, uma das atribuições do CNE deverá ser a elaboração das Diretrizes Operacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.” O Parecer foi aprovado por unanimidade, mas ainda está aguardando homologação pelo Ministério de Educação. Após o exposto, dá para ser leviano , como a imprensa tem sido ultimamente, e concluir que o Conselho Nacional de Educação banirá as aventuras do Sitio do Pica-Pau Amarelo ou especificamente o livro Caçadas de Pedrinho das salas de aula ? Não, não dá. Vejam as manchetes: -As Caçadas de Pedrinho censuradas pelo MEC – O Globo -Livro de Lobato pode ser banido por racismo -O Dia- OnlineRio -Caçadas de Pedrinho na Mira – Gazeta do Povo -Reinações do CNE – Folha de São Paulo em editorial Retomando: O CNE acatou uma denúncia por ser pertinente e legal e prescreveu ações que atendem a legislação brasileira sem, no entanto, eliminar do acervo literário infantil de nossas escolas autor da importância de Monteiro Lobato. |
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puts ...já imaginou? ..esconder fatos e momentos, valores, OBRAS, conceitos, pensamentos, reflexões e formas de vida históricos, mesmo que polêmicos, só pq eles ferem HOJE os nossos olhos?
BEM vindo ao mundo do BIG BROTHER ..ou será que a idade média ?
sinceramente .acho que tem gente que não tá sabendo o que fazer ..acho que é fruto de muito informação ? não sei ?! ..tenho impressão que hoje tem muita masturbação e pouca ação ..vai ver é isso ..falta objetivo e conhecimento, sabedoria pra enfrentarmos tudo o que nos chega e para aplicarmos o que aprendemos...
e o VADINHO, que tal o Vadinho? ..abaixo ao Jorge Amado então? ..abaixo a RAQUEL que trata os nordestinos como analfabetos, ignorantes e miseráveis !!!! VIVA os revisionistas !!!!
ps - eu falei que aquela discussão míope, RACISTA, ignorante ..aquele CANCRO das tais Cotas Raciais iam ter consequências imprevisíveis e inconsequentes, não falei ? taí ! ..agora aguenta esta academia de infelizes revisionistas, sentenciadortes por decretos dos bons modos e bons custumes
amém....
Bravo!
Enfim alguem expressa bom senso nessa discussão absurdamente ridícula!
Depois de um artigo claro e sensato como o da profa. Sônia ainda tem gente com esse argumento tolo dizendo que o parecer do CNE sobre Caçadas de Pedrinho equivaleria a proibir Shakespeare, a Bíblia, O Amante de Lady Chaterley, Mark Twain...
Se leram o artigo, não contestam seus argumentos; só posso concluir que essa turma é analfabeta funcional (além de só ter conhecido Lobato pela versão já desidratada da televisão).
"E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará."
Está na hora de enquadrar a Biblia na Lei Maria da Penha....
Obscurantitas de oposição, caiam na real, vocês perderam a eleição!
Parem de incitar falsas polêmicas...
E também parem de mentir descaradamente...
Menas, companheiro, menas.
A biblia é realmente um livro machista e homofóbico...
O comentário acima até serve para fazer uma reflexão necessária, mas é óbvio que não se deve comparar um livro escrito na atualidade, com um livro mitológico, que é o caso da Bíblia.
E a Bíblia não é livro didático em escola.
engano seu ..engano seu...
Se depender do Papa ou do Pastor Malafaia, será em breve.
Eu postei lá no Portal Luis Nassif um texto informando que o Ministro Fernando Haddad irá ouvir os teóricos sobre esse veto infeliz. Creio que qualquer alteração do conteúdo de uma obra, seja ela qual for, para se enquadrar nas "leis vigentes", é absurdo, assombroso e revela falta de caráter.
Recentemente uma amiga, bióloga, ao dar aulas num colégio de formação adventista, foi chamada pela direção por estar recomendando aos alunos livros que tratavam da Teoria da Evolução proposta por Darwin.
Pediram que revisse seu sistema de educação, pois aqueles conteúdos não representavam a prática pedagógica do colégio. Ela, obviamente, pegou sua bolsa e foi embora.
Não estou apelando para a relativização rasteira, mas certas coisas devem ser mais bem entendidas.
Sua comparação é absurda. Leia, por favor, o comentário e entenda que não está sendo proposta nenhuma modificação na obra original, mas sim o adendo de nota explicativa, no início do livro, sobre o contexto social e histórico em que estereótipos raciais, como os presentes nesta obra, eram tidos como algo "natural".
Esta providência já foi tomada no que diz respeito as questões de meio-ambiente em relação a obra, com o adendo de nota explicativa, no início dela, sobre como as atuais leis brasileiras proíbem a caça de animais como a onça. Qual o problema de fazer o mesmo no que diz respeito aos estereótipos raciais? Talvez a resposta seja aquela que só os incautos, em seus tuites xenófobos, tiveram coragem de dar após a vitória de Dilma, qual seja: o racismo latente em seus corações e mentes.
Começou. De novo! O texto diz exatamente o contrário: Não há enquadramento. Não há banimento. Não há censura! Que mania de não ler o texto completo e ir tirando falsas conclusões!
Realmente não é banimento. O texto diz o seguinte:
"O solicitante , portanto, quer que a Secretaria de Educação do Distrito Federal se prive do uso do livro Caçada de Pedrinho,"
e na sequencia,
"Cada um desses órgãos ponderou a favor do solicitante"
e aí vem uma série de comentários que dizem no geral que os professores são incapazes de perceber a contextualização da obra, e portanto devem ser orientados de todas as maneiras para que interpretem a a obra de acordo com o que o solicitante acredita ser a melhor forma.
Felizmente o inteligente ministro não acatou.
A análise da Sonia Aranha remete a outro fato recente de nossa vida política: Os Inquisidores do Zé Dirceu no programa Roda Vida da paulista TV Cultura - cujo video deveria ser incluído no curriculo das escolas de jornalismo - nenhum deles havia lido, nem por alto, o processo contra ele que hoje espera julgamento no Supremo. E apesar de tudo, faziam reiteradas acusações, sem se interessar pelas respostas, como disse o mais superficial deles. Parabéns a essa pessoa tão rara nos dias de hoje, que vai se informar na fonte, antes de divulgar um julgamento.
Tem toda razão Maria Helena. A Sonia fez um belíssimo trabalho levantando todos esses dados e esclarecendo a notícia. Parabéns, Sonia!
A fé move montanhas, mas eu prefiro a dinamite.
"O solicitante , portanto, quer que a Secretaria de Educação do Distrito Federal se prive do uso do livro Caçada de Pedrinho,"
e na sequencia,
"Cada um desses órgãos ponderou a favor do solicitante"
O problema em si não é se foi ou não "censurado", mas sim qualidade do debate acadêmico - ruim, péssima.
Qual autor consagrado da literatura nacional não usa estereótipos?
Qual a utilidade de se fazer uma "caça às bruxas" contra tais estereótipos?
Os professores não são preparados para contextualizar tais obras, segundo o seu tempo histórico?
Qual o sentido de se promover linhas de pesquisa de "relações raciais", uma vez que a não há "raçaS humanaS", mas sim uma única raça humana?
Nem a Sonia, nem NINGUEM é capaz de justificar esse debate esdrúxulo, atendendo as questões acima!
Esse é o ponto! Concordo com a Maria Helena.
Como é possível um editor ou um jornalista ou um comentarista se posicionar em um determinado assunto sem conhecê-lo?
Os caras não fazem apuração, são mal informados e induzem ao erro os que não têm tempo de fazer o que a Sonia Aranha fez.
E o mais impressionante é que a informação correta está disponível na internet. É só usar o Google. Nem isso fizeram.
Conheço alguns dos conselheiros do CNE, sei que são pessoas sérias. Embore não concorde com certos posicionamentos e decisões, creio que o CNE não se prestaria a esse papel ridículo de censurar a obra de um autor como Monteiro Lobato.
Aplicados os mesmos criterios da paranoia pseudo racista, 90% das lerras de sambas da fase de ouro da musica popular brasileira dos anos 30, 40 e 50 deveriam ser banidas, a começar pelo TEU CABELO NÃO NEGA e todos aquelas letras aonde aparecem as palavras MULATA. NÊGA, etc.
Os livros de Jorge Amado, a começar por GABRIELA, CRAVO E CANELA tambem serão apanhados pelo mesma peneira racista.
No hospicio tem gente gente mais sã.
Hehehe. Jorge Amado é o próximo da lista. Qualquer dia vão reclamar até de Castro Alves.
É completamente falsa esta polêmica mesmo. Há passagens claramente racistas na obra de Monteiro Lobato, o que não significa que deve ser banido mas, muito pelo contrário, lido sob uma ótica crítica nas escolas. E isto é o que o Conselho Nacional de Educação está orientando, ao meu ver. Há uma histeria contra tudo o que oriente na direção de ser politicamente correto, que tem muito a ver com o movimento marcartista que imperou nas eleições. É claro que pode haver exageros, mas não é isto que está acontecendo neste caso.
Ontem quando vi no noticiário "Jornal Hoje" a matéria sobre este assunto reparei que todos os comentarista eram contra o selo de advertência de conteúdo racista no livro. Foram vários comentaristas, mas todos contra. O interessante é que ninguém na matéria era negro, nenhum dos comentaristas era negro.
É muito fácil comentar e dizer, "- Que isso, besteira!" quando a carapuça não lhe serve.
E Mudar o nome do Judas, ao apresentar a Paixão, pois pode levar ao antisemitismo....
Também será preciso retirar da literatura todas as menções a "judiaria", Judiação", etc.
Não sei se obra do Euclides da Cunha escapa, e nem a do Guimaraes Rosa. Certamente toda a literaura brasileira do periodo romântico vai pro index. Vamos parar por aquí, ou então vamos ter que convocar algum censor, ressucitado do nazismo ou da inquisição (será Congregação Para a Defesa da Fé ?), para organizar os expurgos. E vamos organizar uma discussão para decidir se vamos reescrever os livros, ou simplesmente queimá-los.
Juizo, pessoal, nem os alunos nem os professores são imbecis. Se os namorados chamam a amada de Neguinha, o brasileiro canta a Mulata, Cor de Canela, salve, salve, salve salve ela, e não é por racismo, vamos deixar a literatura na administração dos docentes. Vamos respeitá-los, que eles saberão orientar as crianças.
Ebrantino
Os EUA passaram por discussão semelhante em relação aos livros do Tom Sawer.
Acho válido o debate, mas acho perigoso jogar obras clássicas, escritas em outras épocas, simplesmente fora.
A obra existe e retrata um mundo que mudou. Que não seja um livro que esteja nos usados em sala, mas certamente eles têm de estar na biblioteca.
Melhor que proibir o livro, é explorar seu contexto e época.
Claro. Melhor explorar o conteúdo do livro, que faz um retrato de época, do que bloquear o acesso a ele na sala.
olha ..tô vendo aqui algumas defensoras partidárias dos frascos e dos comprimidos ..aliás, como sempre ..aqui é meio assim, se vc se atrever a polemizar, a discordar, vira inimigo , ou servidor do PIG
não gente, não é assim não..
O ASSUNTO é sério ..independente se este teve, ou terá, final feliz ..HÁ SIM que sempre discutirmos e refletirmos sobre estas constantes tentativas de revisionismos !!!!
Embora, no caso, parece que este "nobre comite" - aliás, eu temo a maioria deles - , em nome do País, parece que resolveu inocentar Monteiro Lobato ..não podemos negar que houiv sim uma tentativa, uma iniciativa, isolada ou não, mas no mínimo, uma interpretação de que haveria tal intenção .então? ..nada como a prevenção ..nada como uma boa vacina imunizatória pra conter estas ações vexatórias
Acho que há um exagero, uma caça as bruxas realmente.
Cabe a academia analisar obras clássicas, esses análises devem subsidiar professores. Mas cá entre nós exigir explicações, rodapés, prefácios explicativo não levam a nada, tem que se preparar os professores para discutir obras literárias (mesmo literatura infantil), os prefácios explicativos de nada adiantam.
Toda literatura é contextualizada em seu tempo, essa é mágica das obras clássicas, nos leva a ver como pensava a sociedade de cada época e então criticá-la.
Literatura não é livro de história, não tem que ser fiel a realidade e nem a princípios, literatura fiel a muitos princípios (politicamente correta) não é literatura.
Vou mandar um protesto contra a obre de Machado de Assis, pela maneira que trata as mulheres, encherão de notas de rodapé? (além das do prórpio autor?)
E a obra de Drummond? Da maneira que trata as muleres.
Já li críticas racistas (é não eram tolas) contra Casagrande e Senzala.
Se assim for dado o recente processo eleitoral em que a sociedade passou a considerar imprecindível a LIBERDADE DE RELIGIÃO, vamos banis Saramago e proibir nossos jovens de ler "O Evangálio Segundo Jesus Cristo"? Ou vamos encher a obra de textos explicnado que autor é um ateu e comunista, mas a igreja acredita que Jesus era divino e não um simples mortal, que segunda a crança cristã este morreu virgem, limpo dos pecados carnais. Seria ridículo!
Os professores que se preparem.
Maurício
Interessante e salutar essa preocupação brasileira em estudarmos a África. Parace-me que os Estados Unidos também a têm.
Nada sei sobre as de cubanos e jamaicanos, embora, claro, saiba minimamente sobre o movimento rastafari.
Peru, Equador e Venezuela são países onde a presença negra é forte mas, pelo menos nos dois primeiros, a questão indígenas é preponderante. Na Argentina, pelo que sei, a questão negra é mais tabú a ser trabalhado.
Ou seja, americanos, temos formações tão parecidas e, paradoxalmente, talvez preocupações tão distintas em relação ao estudo de nossa formação étnica
Agora, quando estive na África, me pareceu que eles têm seus interesses voltados para a Europa. Pouco sabendo sobre a América em geral ou, no caso particular de Angola, da história brasileira ou afro-brasileira.
Também não me pareceu que nos considerassem "irmãos" ou descendentes africanos. Não falo de mim, por óbvio, não sou preto, mas de modo geral, aos brasileiros.
Temos nossos mitos formadores, as " três raças tristes" da nossa formação inicial, entre outros. Eles são bons, nos explicam e nos incluem. Mas talvez, ou com certeza, sejam nossos e apenas nossos.
Eu acho que logo essa paranóia pseudo rascista chega no esporte. Falta pouco para alguém exigir cotas raciais nas seleções brasileiras.
Na de vôlei feminino só tem uma negra. Será que o Zé Roberto é racista? Não tem nenhuma indígena!!!
Na seleção masculina de vôlei agora também não tem mais nenhum negro. Será que o Bernardinho é racista?
Agora eu vou pegar a convocação do Mano Menezes e contar o número de brancos x negros.
Prezados,
O texto acima continua advogando a censura a Monteiro Lobato e/ou uma revisão de seus livros. Não mudou a ignomínia que a tal comissão pretende, apenas tentou explicar o que não se explica e defender o indefensável. Censura é censura em qualquer canto. Vamos repetir:
Mas quanta besteira! Essa história de querer impedir a distribuição de um livro de Monteiro Lobato sob a acusação de racismo é uma das maiores bobagens que já li. Mais do que bobagem, é um atentado contra a boa literatura infantil brasileira.
Um dos autores que mais ensinou as crianças a sonharem, a pensar por si mesmas, a serem mais independentes ser censurado por ser considerado racista?
Tá, eu concordo que o tratamento dado a tia Nastácia é racista. Mas atire a primeira pedra quem achar qualquer autor perfeitamente correto em tudo que escreveu.
E 'O Saci', também de Lobato, como é que fica? Nele, um negro é o personagem central, uma figura mítica. E foi um dos livros que mais amei.
E a valorização de Narizinho e Emília? Elas eram mais ousadas que Pedrinho! Mulheres tomando comando da situação na década de 30!
Olha, gente, Lobato é contraditório. Como ele pode ser tão nacionalista e defensor da rebeldia (vide Emília) em seus livros e não ter entendido a Semana de 22 ainda é um mistério para mim. Talvez ele tenha evoluído e compreendido mais tarde, sei lá, já que seus livros infantis revolucionários (revolucionários, repito) aconteceram quando ele era mais maduro.
E como fica 'O Poço do Visconde'? E sua tentativa pessoal de achar petróleo no Brasil?
Acho um crime ocultar Lobato, qualquer que seja a desculpa. Pois ao ler os seus livros infantis (li todos antes de ter 7 anos) eu comecei a descobrir o meu país, o país que estava escondido atrás de uma ditadura militar. Agradeço a Lobato achar que valia a pena ser brasileiro desde cedo e começar a aprender a valorizar o que temos ao nosso redor.
E viva Mário de Andrade! E viva Lobato! E viva Macunaíma! E viva o Saci e a Mula sem Cabeça! E que eles vivam em nós, ensinando-nos a ser brasileiros.