segunda-feira, 7 de junho de 2010

Caçador de nazistas lembra vítimas negras do Holocausto

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Caçador de nazistas lembra vítimas negras do Holocausto
Por: Redação - Fonte: Afropress - 7/6/2010

S.Paulo - Quando Efraim Zuroff (foto), o diretor do Centro Simon Wiensenthal, de Jerusalém, botar os pés nesta terça-feira (08/06), na Faculdade Zumbi dos Palmares, estará ajudando a iluminar uma história que permanece na obscuridade e é pouco conhecida do grande público: a história dos negros na Alemanha, sob o nazismo.
Sempre que se fala de Nazismo, o nome está associado aos horrores do Holocausto, responsável pela morte de 6 milhões de judeus. O que pouca gente sabe é que na Alemanha de Hitler viviam entre 20 e 25 mil negros - e uma quantidade indeterminada de ciganos - e todos também foram, primeiro, esterilizados, depois exterminados.
Segundo Peter Martin, da Fundação de Incentivo à Cultura e Ciência de Hamburgo, até hoje a história dos negros que viviam na Alemanha antes da chegada de Hitler ao poder, permanece desconhecida do grande público. “A máquina de propaganda nazista atacava as pessoas de cor. Eram rotuladas como uma perigosa peste. E assim elas sumiram da vida pública. O que restou foi uma montanha de papéis da burocracia. As pessoas simplesmente desapareceram”, disse a Deutsche Welle, a empresa internacional de comunicação da Alemanha.
Caçador de nazistas
Zuroff, considerado o último caçador de nazistas, coordena a Operação “Ultima Chance”, uma campanha que oferece recompensas para quem denunciar criminosos envolvidos com o holocausto. Foi dele o pedido para conhecer a Faculdade, onde será recebido às 9h, no campus do Clube Tietê, na Ponte Pequena, pelo reitor José Vicente.
Por causa da atuação do Centro, centenas de criminosos nazistas foram encontrados em todo o mundo, inclusive, no Brasil.
Zuroff é formado em história pela Universidade de Yeshivá, e desde 1.970 vive em Israel, onde se especializou em estudos do Holocausto, na Universidade Hebraica. Ele está no Brasil para uma série de palestras, sobre o tema "Por que trazer criminosos nazistas à Justiça ainda é tão importante", uma das quais prevista para esta quarta-feira (09/06) no Laboratório de Estudos da Intolerância da USP.
As vítimas negras
A história dos negros que viviam na Alemanha hitlerista passou a ser mais conhecida após a publicação do livro Hitlher’s Black Victims (As vítimas negras de Hitler), do pesquisador norte-americano Clarence Lusane.
Lusane descreve no livro Afrika Schau, a mostra itinerante iniciada em 1.936 e utilizada pelo regime como “espetáculo” para exibir a cultura africana na Alemanha. Os responsáveis pelo “show” eram Juliette Tipner, de mãe nascida na Libéria, e seu marido, Adolph Hillerkus, um alemão branco.
Quatro anos depois, em 1.940, a Afrika Schau foi assumida pelas SS e por Joseph Goebbels, o poderoso ministro da propaganda nazista, que “esperava que isso fosse útil não só para propaganda e fins ideológicos, mas também como maneira de reunir todos os negros no país sob um mesmo teto”, segundo afirma Lusane.
Esterilização
O regime nazista – que foi o ponto culminante da ideologia racista ao pregar a pureza racial e a eliminação dos judeus, negros e ciganos – raças consideradas inferiores – era seletivo.
A maioria dos negros alemães de pele mais clara era formada por mestiços, boa parte deles filhos dos soldados franceses negros das tropas de ocupação com mulheres da Renânia.
Essas crianças eram conhecidas pelos alemães, porque foram citadas no livro “Minha Luta”. Eram descritas de forma depreciativa como “bastardos da Renânia”.
Segundo o historiador alemão Reiner Pommerin, essas crianças foram esterilizadas. “
"Publiquei um livro nos anos 1970 sobre a esterilização dos mestiços. Foram crianças
geradas pelas forças de ocupação – principalmente as francesas",
disse.
A esterilização de crianças birraciais foi realizada secretamente porque violava as leis nazistas de 1938. Os números exatos permanecem desconhecidos, mas estima-se que 400 crianças mestiças foram esterilizadas – a maioria sem o seu conhecimento.
Peter Martin, da Fundação de Incentivo à Cultura e Ciência de Hamburgo destaca na entrevista concedida à mídia alemã, a perseguição sofrida pelos negros alemães. “O denuncismo, sobretudo através da imprensa, estava na ordem do dia. Cartazes apresentavam os negros como um perigo para as mulheres alemães. O que aconteceu com a maioria deles, de 1933 a 1945, é difícil de saber. Muitos conseguiram deixar o país a tempo. Outros foram enviados para os campos de concentração. Não poucos serviram de cobaias para pesquisas dos nazistas, afirmou a Deutsche Welle.

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