domingo, 13 de abril de 2008

ELIO GASPARI - Cota setecentista E Sistema S - O Globo - 13.04.2008

A pesquisa sobre a Lei da História da África e Cultura Afro-brasileira, em nível municipal, pode reescrever a História do Brasil. E apontar os caminhos para a Reparação pela Escravidão do Negro, municipalizada, cuja aversão pela sociedade brasileira é evidente. Os parâmetros e argumentos da discussão da anistia pela ditadura, pró e contra, podem e devem ser acompanhados de perto pelo Movimento Negro. O sistema S, que dispõe de imensa verbas retiradas diretamente do orçamento público, já deveria ter sido alvo de medida igual ou próxima a do PROUNI, no que diz respeito ao estabelecimento de medidas de ação afirmativa para inclusão do negro na sociedade brasileira. Para que se entenda, o sistema S é constituído de Senai, Sesi, Senac, Sesc, Sebrae, entre outras. Um dos planos do IARA - INSTITUTO DE ADVOCACIA RACIAL E AMBIENTAL é protocolar representações ao Ministério Público, Federal e Estaduais, requerendo inquérito civil publico para investigação da desigualdade, por município, que aguarda a motivação e aglomeração de entidades do movimento negro. HUMBERTO ADAMI www.adami.adv.br http://www.oglobodigital.com.br/flip/?ran=FkLhrjKIkHF3Eoy8PHguguooMyUGh5514Q2aOUs7tyfI1sShdr Cota setecentista Contribuição para a bibliografia da história das políticas de ações afirmativas no preenchimento de vagas em instituições de ensino brasileiras: É possível que se possa identificar a primeira proposta de criação de um sistema de cotas escolares com base em critérios de raça antes mesmo que o Brasil tivesse universidade. Em 1796, preocupado com a quantidade de negros e mulatos libertos que andavam pelas ruas do Rio de Janeiro, o vice-rei marquês do Lavradio propôs à Corte que eles fossem todos cadastrados e remetidos a casas de correção, onde aprenderiam uma profissão. Somavam 20% da população da cidade. Em vez de oferecer uma percentagem de vagas, Lavradio pretendia botar 100% dos negros livres nas escolas. Era a Cota Total. Deu em nada. (A proposta está registrada no trabalho da professora Silvia Hunold Lara intitulado “A cor da maior parte da gente: Negros e mulatos na América portuguesa setecentista”, incluído no livro “Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica”.) Sistema $ A plutocracia aninhada nas verbas do Sistema S (R$ 8 bilhões tomados na folha de pagamento das empresas) resolveu brigar com o ministro Fernando Haddad, da Educação. Ele quer integrar a máquina do Sistema ao esforço de melhoria do ensino médio. Podem brigar, mas Haddad é o codinome de Lula. Ele conhece o Sistema S por dentro e por fora, nas suas ramificações políticas, empresariais e aéreas.

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